A torre de 7.000 livros com biografias e ensaios sobre Abraham Lincoln (1809-1865), empilhada no Ford’s Theatre, em Washington, é um indício de que poucos americanos tiveram a vida e a morte tão esmiuçadas por escritores, historiadores, ficcionistas e diretores.
A cinebiografia “Lincoln”, de Steven Spielberg, que disputa o Oscar neste domingo, voltou a colocar o 16º presidente dos EUA em evidência. Foi o mote para que a Folha percorresse a capital norte-americana e suas imediações em busca de lugares que ajudem a entender o mito em torno de Lincoln.
Nascido no Kentucky em uma família modesta, ele se tornou inicialmente advogado e depois ascendeu na política graças à oratória brilhante e à capacidade de costurar alianças -algo tão em falta em Washington hoje.
Apesar de seu legado, as memórias de Lincoln na região são mais de morte do que de vida. Da sua e das dos outros -o presidente que pregava a união e aboliu a escravidão assistiu à cisão do país na Guerra Civil (1861-1865), um dos episódios mais sangrentos da história americana, e se tornou sua vítima mais célebre.
Do teatro onde foi assassinado, na capital, aos descampados de Gettysburg, na Pensilvânia, a figura melancólica de Lincoln é celebrada com respeito e certa tristeza, traço que o ator Daniel Day-Lewis bem imprimiu em sua versão candidata ao Oscar.
O turista estrangeiro, sem o afã patriótico dos americanos, pode usar o roteiro para entender melhor a história do país e para onde ele ruma.
Pode também usá-lo para conhecer a capital americana, que passa por um processo de rejuvenescimento.
LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON, para a FOLHA Turismo