Bayard Boiteux

México remodela mercado de artesanato

A capital mexicana quer remodelar o mercado de artesanato da Cidadela para atrair o turismo, enquanto os artesãos pedem para se transformar em proprietários do prédio em um momento que sofrem queda das vendas.

“A primeira medida deve ser dotar de segurança jurídica os artesãos e fazer uma vila mexicana que dignifique a identidade histórica e mostre a tradição para os turistas”, disse o secretário de Turismo do Distrito Federal, Miguel Torruco.

Após a remodelação, o centro artesanal, que fica no centro da Cidade do México, será palco para espetáculos tradicionais, com um quiosque para orquestras e bandas, e se tornará parada obrigatória do percurso do ônibus turístico da cidade.

A origem da Cidadela remonta a 1965, quando o então presidente do México, Gustavo Díaz Ordaz (1964-1970), solicitou à Câmara dos Deputados um prédio no centro da cidade “para fazer um centro artesanal visando os Jogos Olímpicos de 1968”.

O governo então convocou todos os artesãos do país a mostrar suas peças no lugar que depois, em 1970 serviu como loja de souvenires para o Mundial de Futebol: o sucesso foi tamanho que se tornou um mercado fixo.

Mais tarde, o terreno passou às mãos do Senado e agora tramita a transferência da responsabilidade para o governo da Cidade do México dos 400 arrendatários da Cidadela, que dependem indiretamente cerca de 20 mil artesãos de todo o país.

“Cada vez que havia mudança na legislação, surgia o temor (entre os artesãos) de perder o espaço”, disse Torruco.

O medo continua presente entre os artesãos do mercado, que veem com preocupação a queda nas vendas nos últimos anos, apesar de o governo ter indicado um crescimento anual do setor de 4% desde 2004.

Flavio Reyes trabalha com seus dois irmãos em uma loja de peças pré-hispânicas de barro em uma das ruas centrais do mercado. O artesão ganha por mês entre 10 mil e 12 mil pesos (cerca de US$ 794 a US$ 952) pela venda de peças que demora entre um dia e uma semana para produzir.

A Espanha, até a crise econômica castigar o país em 2008, era o principal comprador das estatuetas de Reyes. “Com a crise, perdemos todos”, disse o artesão que está há 35 anos na Cidadela, e reivindicou que o governo venda o terreno, já que “pagamos desde sempre impostos de luz e de água”.

Nos arredores do centro de artesanato, e na região das fábricas, Paty Benita costura seus fios de cores acompanha dos filhos. A artesã, que vive a poucos metros da loja, se mudou para a Cidadela depois da proibição da venda ambulante no centro histórico. Ela agora pede que seja instalada em algum dos corredores centrais do mercado, e o reconhecimento da profissão.

O secretário-geral da União Nacional de Artesãos e Similares, Cuauthémoc Ilhuicatzi, disse que o pedido de regularização da situação vai permitir que os artesãos se transformem em donos de seus lugares, mas ainda não há um projeto formal.

Além de remodelar o mercado, acrescentou, é necessário que o ônibus turístico tenha uma parada na entrada da Cidadela para ampliar o número de turistas que visitam o centro.

Outros dois pedidos já estão previstos pela Secretaria de Turismo do Distrito Federal, que o novo Centro Artesanal de Excelência também tenha “espetáculos como os voadores de Papantla e os bailes típicos como a Dança dos Viejitos de Michoacán”.

“Se remodelarem o mercado, e cobrarem a manutenção e a renda, teremos que subir o preço de uma peça que vendemos de 20 para 120 pesos”, lamentou o artesão José Ángel Zamora, presente no mercado há 48 anos.

Fonte: UOL Turismo

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