Uma saga em que história se confunde com religião. Se a Bulgária pudesse ser definida em uma frase, essa sintetizaria séculos de conflitos, interesses, etnias e crenças que formaram o que é o país da Península Balcânica hoje.
Sua capital, Sófia, transita entre a emancipação a uma capital da União Europeia e uma herança soviética que deixou mais feridas do que saudades. Mas, acima de tudo, a cidade, que é representada por uma mulher com um pássaro, tem clima bucólico, calmo e mostra-se um lugar perfeito para ser conhecido a pé.
Em sua trajetória de lutas, gregos, persas, romanos e eslavos disputaram a região. Estabelecidos na península balcânica no século 5, os eslavos são considerados um dos primeiros povos da Europa, que deram origem a russos, poloneses, tchecos, eslovacos, eslovenos, croatas, sérvios e búlgaros. Mais tarde, na disputa pelos mares Cáspio e Negro, ocuparam a região turcos etnicamente ligados a povos bárbaros como os hunos. Sob pressão, o povo búlgaro começou a migrar pelos Bálcãs e mais tarde, no ano de 680, acabaram se firmando no delta do Danúbio, onde mais tarde viria a ser a Bulgária.
Sob monarquia, mais tarde a Bulgária – que era considerada a Turquia europeia pelo Império Otomano – veria seus soldados lutarem por independência contra os turcos. Com o interesse do Império Soviético em ter uma saída para o Mar Negro, as tropas russas ajudaram a derrotar o país a se libertar dos turcos.
Com tanta bagagem histórica, costumes e religiões não poderiam ter deixado de moldar a Bulgária. Prova disso é o quadrilátero onde quatro principais religiões – cristianismo ortodoxo, catolicismo, islamismo e judaísmo – são representadas em Sofia.
O respeito por escolhas e tradições religiosas vem de longe. No início da Segunda Guerra, mesmo sendo aliado de Adolf Hitler, o país se recusou a deportar seus judeus. Na época, o czar Boris Segundo era para ter se unido a Hitler, pois possuía ascendência germânica. Primeiramente se aliou, mas depois se recusou a mandar seus judeus para os campos de concentração. Acabou sendo envenenado.
Hoje Sófia é a maior cidade da Bulgária, com uma população de mais de 1,4 milhões de habitantes. Também é uma das capitais mais antigas da Europa, com grande parte de suas construções remontando ao século 8.
Pode não ser a capital mais chique da Europa ou mesmo a mais estruturada para turistas ávidos por compras, mas Sófia é dona de, sem dúvida, uma das histórias mais fabulosas do mundo.
Um dos pontos mais convidativos, no entanto, são os próprios búlgaros. Amistosos, costumam se dispor a explicar com calma desde caminhos até o museu ou a igreja até a saga turca na Península Balcânica.
A alegria do povo búlgaro reflete-se em festas durante quase o ano todo. As celebrações religiosas são ditadas, em sua maioria, pela Igreja Ortodoxa – que respeita o calendário juliano, em geral 13 dias atrás do nosso. Há também festivais ligados à cultura regional, marcada por estilos de música como o folk e o cigano.
Fonte: UOL Viagem