A falta de espaço e o ar seco na cabine podem causar desconforto durante os voos mais longos, mas é a baixa pressão atmosférica dentro da aeronave a vilã do bem-estar do passageiro.
“A cabine é pressurizada, mas até certo ponto, 8.000 pés. É como estar na altitude de La Paz. Com isso, o passageiro respira menos oxigênio, e há expansão de gases”, explica Murillo de Oliveira Villela, presidente do conselho da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial.
Isso causa uma série de efeitos, como a sensação de barriga estufada -causada pela expansão de gases-, e pode gerar problemas sérios em passageiros com doenças preexistentes, como problemas respiratórios crônicos e insuficiência cardíaca.
Há ainda problemas que podem ser causados por outros motivos, como longos períodos de imobilidade, que pode formar coágulos nas pernas, e a baixa umidade do ar na cabine, que resseca a pele e os olhos.
Mesmo passageiros em pós-operatório podem ter problemas. “A cirurgia abre a pele, e, com isso, há entrada de ar. A expansão causada pela pressão pode causar o rompimento da sutura, por exemplo”, diz Villela.
No caso das refeições, a sensação de barriga estufada pode ser agravada com a ingestão de certos alimentos.
“Há os que produzem maior quantidade de gases no tubo digestivo, como feijão. Isso piora a sensação de estômago estufado, assim como bebidas gasosas”, diz Gustavo Johanson, infectologista do Ambulatório do Viajante da Unifesp e médico do hospital Albert Einstein (SP).
“O efeito das bebidas alcoólicas é potencializado”, completa Johanson. Ou seja, o passageiro fica embriagado ao beber menos que a quantidade que costuma ingerir.
Um problema potencialmente grave diz respeito a passageiros com alergias alimentares. “Há a possibilidade de quadros graves, como anafilaxia”, explica o infectologista. “Mesmo traços do alimento em questão podem desencadear sintomas. Esses passageiros precisam levar medicação antialérgica”, diz.
Para prevenir problemas causados por longos períodos de imobilidade, é importante levantar do assento. “Andar, ficar na ponta dos pés e usar meias elásticas apropriadas são medidas importantes”, afirma Johanson.
Fonte: Folha / Turismo