Comecemos pelo final da visita: depois de explorar a parte principal do complexo do Taj Mahal, saindo pelo portão principal, detenha-se um momento para observar a expressão de quem acaba de ver o grande mausoléu.
É essa primeira reação atarantada, muitas vezes acompanhada de um certo estupor que causa tropeços entre a multidão, que melhor se reflete o deslumbre causado por esse grande monumento ao vivo.
O Taj Mahal é o principal expoente da arquitetura do império mogol, que dominou a Índia por cerca de três séculos, mesclando elementos islâmicos, persas, turcos e indianos em um estilo único e reverenciado.
O conjunto é dominado pela simetria, desenhada já de cara pelo espelho-d’água que segue reto do portão principal até o centro do mausoléu -finalizado em 1643, a mando do xá Jahan, em memória de sua mulher favorita, morta em 1631, após o nascimento do 14º filho do casal.
Do lado oposto à mesquita há uma réplica do templo, que não tem função religiosa, apenas mantém a simetria rigorosa do conjunto, quebrada apenas pela tumba do próprio xá, ao lado da tumba de sua amada, no centro do mausoléu -na verdade, os corpos estão em tumbas abaixo das mostradas, e não podem ser visitadas.
Com um minarete em cada ângulo, o Taj Mahal consiste em uma base quadrada encimada por uma cúpula dupla de 44 metros. Cada faceta exibe arcos em nicho, ladeados por painéis marchetados no mármore e painéis com textos do Corão incrustados em mármore preto.
Após apreciar mais de perto a decoração do mausoléu, os ditos 12 anos de construção (e mais dez para todo o complexo), 20 mil operários e mestres e materiais vindos do mundo inteiro parecem justos.
Os motivos florais e geométricos são esculpidos em alto-relevo em grandes peças únicas de mármore ou finamente marchetados com pedras preciosas e semipreciosas. No interior, os túmulos são ladeados por telas octogonais delicadas de “jali” (treliça de mármore). Não por acaso, o xá Jahan foi deposto do poder por seus filhos, preocupados com a gastança desenfreada.
Após atravessar os jardins inspirados na visão islâmica do Éden, o visitante volta ao portão principal, dá uma última olhada no monumento -que vai adquirindo tons diferentes conforme o sol se movimenta _ e vê de frente o próprio embasbacamento, refletido no rosto de quem entra.
Fonte: Folha Turismo