Pobre, sem saída para o mar e com uma história recente para lá de conturbada, o Nepal é uma pequena nação com cerca de 30 milhões de habitantes e uma área equivalente ao Ceará.
Situado no dramático encontro das vastas planícies do subcontinente indiano com o planalto tibetano, o Nepal fica no ponto onde dois mundos, e suas distintas culturas e práticas sociais, colidem e se entrelaçam. E isso está claramente estampado nos rostos do povo nepalês, em sua culinária, religião, arquitetura e música.
Um outro tipo de colisão, muito mais antiga, e ainda ativa, é a maior fonte de inspiração para viajantes que decidem se aventurar pelo país. O contato da placa tectônica indiana com a eurasiana gerou, e segue gerando, a mais alta de todas as cadeias de montanhas: o Himalaia.
Somente no Nepal montanhas com até 4.000 metros são consideradas meros morros -que muitas vezes mal merecem nomes-, pequenos obstáculos a serem vencidos nas trilhas que ligam um vale a outro. Aqui, montanhas de verdade, só acima dos 5.000 ou 6.000 metros.
Além do significado espiritual que as montanhas exercem como a morada dos deuses do panteão hindu, o Himalaia é também, mais prosaicamente, a mina de ouro de boa parte dos nepaleses.
A indústria do turismo é a mais importante de sua combalida economia, e a maioria dos visitantes vai ao país para caminhar entre os gigantes de pedra e gelo.
Pelo menos dois dos mais famosos circuitos de trekking do mundo ficam aqui: a região do Annapurna -hoje com um pouco menos de brilho devido à inauguração de uma estrada num dos mais belos trechos do caminho- e as trilhas do Khumbu, região onde fica o ponto culminante da Terra, o Everest.
A maior parte da população nepalesa, no entanto, vive na faixa conhecida como “Middle Hills”, onde ficam o vale de Katmandu, a capital, e a cidade de Pokhara. São os sopés do Himalaia, onde a quente e úmida planície do Terai começa a se enrugar em direção às altas montanhas.
HISTÓRIA CONTURBADA
O século 21 tem sido difícil para os nepaleses. O massacre da família real em 2001, quando o príncipe Dipendra matou o rei, a rainha, sete outros membros da família real e se suicidou, foi seguido pela escalada da ofensiva dos rebeldes maoistas, que, a essa altura, já dominavam boa parte do território nacional.
A insatisfação com o empossado rei Gyanendra, pouco popular no país, acabou decretando em 2008 o fim de uma dinastia monárquica que já durava quase dois séculos e meio no poder, a dos shah. Veio então a República Democrática Federal do Nepal, cujo atual primeiro ministro é maoista.
Os anos de guerra civil e instabilidade política acabaram afetando fortemente a indústria turística, que somente vem conseguindo se recuperar nos últimos anos.
Devido à desconfortável posição geográfica, seu panorama político volátil e sua escassa e deteriorada infraestrutura, o país parece fadado a exercer a função de Estado-tampão entre seus dois vorazes e inquietos vizinhos, os gigantes China e Índia.
Mesmo com as dificuldades, o povo nepalês mantém o charme e a hospitalidade. E o país segue atraindo visitantes do mundo inteiro. Raros são os turistas que visitam o país e não pensam em voltar para um repeteco.
Fonte: FOLHA Turismo