A fuselagem prateada e polida do Memphis Belle oculta os seis desgastantes meses de combate aéreo que o avião teve de enfrentar na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e as décadas subsequentes de negligência que o deixaram exposto ao ar livre e permitiram que caçadores de suvenires o depenassem no lugar público em que era exibido.
O mais célebre avião norte-americano a emergir da guerra agora está abrigado em um imenso hangar em uma base da Força Aérea dos EUA no sul do Ohio, onde está passando por uma restauração cuidadosa -da cobertura de plástico transparente do nariz às metralhadoras duplas calibre.50 que armam sua cauda.
A única seção intocada até agora é a pintura que enfeita a porção frontal da fuselagem abaixo da posição do piloto: uma “pin-up” de maiô azul e pernas longas posicionada sedutoramente sobre o nome “Memphis Belle” -uma imagem que se tornou parte tão importante na lenda do avião quanto as 25 missões de bombardeio à Europa que ele completou sem ser destruído, contrariando as probabilidades, em 1942 e 1943.
MISSÃO MUSEU
O avião será exposto no Museu Nacional da Força Aérea dos EUA, na base aérea Wright-Patterson, perto de Dayton. Enquanto isso, o público pode ver o progresso da restauração e o processo de remontagem, que deve demorar mais dois anos.
Quase toda sexta-feira, visitantes que se inscrevem online são transportados de ônibus aos hangares para uma visita de três horas “aos bastidores”, onde diversos aviões estão sendo restaurados para exibição no museu.
O lugar tem algo de cemitério de aviões -máquinas um dia poderosas espalhadas aos pedaços, fuselagens aqui e asas desmontadas acolá, mas as visitas são conduzidas por guias voluntários que conhecem bem o assunto.
Há um modelo de treinamento T-6 Texan, um avião de transporte Fairchild C-82 Packet, da Segunda Guerra, e um avião de ataque Douglas A-1H da época da guerra do Vietnã, todos titulares de histórias impressionantes.
Mas, para a maioria dos visitantes, o ponto alto é o Memphis Belle, celebrado como o primeiro B-17 a completar as 25 missões que constituíam um ciclo completo de operações naquele período da guerra e retornar aos EUA.
Desmontado desde que foi transportado do Tennessee ao museu por seis caminhões, em 2005, o avião começou a ganhar forma mais identificável no final do ano passado, quando as asas foram de novo afixadas à fuselagem e o trem de pouso foi baixado.
“É um avião muito famoso e historicamente muito significativo. É apropriado que esteja aqui”, disse Greg Hassler, um dos supervisores de restauração do museu.
O Memphis Belle não é o único B-17 famoso que está sendo restaurado no museu. Uma fortaleza voadora conhecida como “The Swoose” é o mais velho avião do modelo a ter sobrevivido à Segunda Guerra, tendo participado de diversas missões de bombardeio no teatro do Pacífico nas semanas posteriores ao ataque japonês contra Pearl Harbor e operado posteriormente como transporte de oficiais de alta patente.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Museu Nacional da Força Aérea dos EUA
Onde: rua Spaatz, 1.100, Wright-Patterson Air Force Base, próximo a Dayton, Ohio
Visitas às sextas, a partir das 12h, mediante inscrição on-line
Quanto: entrada gratuita
Site: www.nationalmuseum.af.mil
Fonte: FOLHA Turismo
MITCH STACY
DA ASSOCIATED PRESS, EM OHIO