Ao todo, estão disponíveis 41 pistas para a prática do esqui e do snowboard, distribuídas em mais de 40 quilômetros de extensão
Dentro da van, uma pequena viajante esperava, ansiosa, para ver de perto a neve e poder tocá-la. Algo, até então, visto por ela apenas nos filmes da Disney. A viagem a Valle Nevado, no Chile, foi a primeira da minha filha Sofia, de 4 anos, a uma estação de esqui. E a um lugar tão alto – acima dos 3 mil metros de altitude. Ela não conseguiu ficar acordada tempo suficiente para testemunhar a mudança da paisagem vista da janela ao longo do trajeto a partir da capital, Santiago. Que ganhou, aos poucos, contornos de um cenário pontilhado de árvores e montanhas recobertas de branco. Afinal, é preciso ter estômago resistente para enfrentar, incólume, cerca de 1h30 de percurso – e as 60 curvas que conduzem até Valle Nevado.
Para os mais delicados, que não reagem bem a estradas muito sinuosas, é indicado algum remédio contra enjoo. O inconveniente é que este tipo de medicamento costuma provocar sono – Sofia adormeceu logo nas primeiras curvas. O cochilo prolongado a ajudou a escapar das náuseas, mas não do chamado mal da montanha, que pode afetar crianças e adultos que não estão acostumados à altitude. E causa, entre outros sintomas, queda de pressão. “Situação corriqueira” é o que se ouve por lá quando algo do gênero acontece. Assim, a neve ficou para depois.
Em uma clínica local, dentro do complexo do Valle Nevado Ski Resort, Sofia foi atendida por um pediatra, recebeu oxigênio em um tubo de respiração e sua pressão se estabilizou. No dia seguinte, ela já estava bem adaptada. Uma ótima notícia, já que sua aventura ali estava apenas começando.
Segurança e diversão
Construído no final dos anos 1980, o complexo engloba os hotéis Puerta del Sol, Valle Nevado e Três Puntas, edifícios residenciais, seis restaurantes com cardápios especializados em comida italiana, internacional e mediterrânea, além de pubs e bares. Apesar de não contarem com menu especial para crianças, os restaurantes adaptam suas opções ao paladar dos pequenos. Já o esqui, esporte vigente por aquelas bandas, não é exclusividade só dos adultos.
No complexo, existe uma área reservada para alunos a partir dos 4 anos darem seus primeiros passos (e experimentarem as primeiras quedas) no esporte. Segundo os instrutores, o ideal é que o esquiador mirim faça aulas individuais para receber atenção total. Aulas em grupo, só mesmo quando a turminha tiver mais ou menos a mesma idade. O objetivo é que, depois de assimilar técnicas básicas, o aluno tenha prazer e sinta segurança em dar suas deslizadas pelas pistas.
Ao todo, estão disponíveis 41 pistas para a prática do esqui e do snowboard, distribuídas em mais de 40 quilômetros de extensão. A aula particular com duração de uma hora sai por US$ 103. Já a coletiva (a partir de quatro pessoas), custa US$ 57 por duas horas, para adultos ou crianças. Na Escolinha de Neve, em que a garotada dedica mais tempo do dia ao esqui, os preços variam de US$ 63 a US$ 117. O tempo de aprendizado varia de aluno para aluno. Crianças maiores tiram de letra duas horas de treino. Já para as menores, a princípio, uma hora está de bom tamanho. Depois disso, bate o cansaço e a vontade de ficar com a mãe.
Após experimentar – literalmente – a neve (que garantiu ter gosto de coco) e dizer ao instrutor com toda a certeza do mundo que sabia esquiar, Sofia topou encarar suas primeiras lições de esqui. Para quem nunca praticou, a coisa não é tão fácil – a começar pelo equipamento e vestimenta. São camadas de roupas, incluindo segunda pele e peças impermeáveis, que ajudam a enfrentar temperaturas próximas de zero grau durante o dia – apesar de o sol amenizar a sensação térmica baixa. Sem falar nas botas que se acoplam aos esquis e que, digamos, não são propriamente o supremo do conforto. Mas as crianças parecem tornar tudo mais simples.
Sem o medo que inibe os adultos, Sofia deslizou pela pista sob a orientação do instrutor e, aos poucos, foi aprimorando um dos movimentos mais importantes do esqui, o de frear – chamada de cuña ou pizza, em razão do movimento com os calcanhares. Mas apesar dos elogios de seu professor, a ariana perfeccionista não aprovou muito os resultados. “Consegui poucas vezes, não muitas”, reclamou.
No segundo dia de aula, o empenho em esquiar foi o mesmo, mas durou menos tempo: Sofia preferiu ficar no espaço dedicado a pequenos de 4 a 7 anos, estrategicamente instalado diante da pista de esqui, onde as crianças podem se sentar, beber água, desenhar e brincar. É bacana acompanhar o avanço da garotada no esporte, mas os adultos que já estão familiarizados com o ambiente vão esquiar tranquilamente enquanto os filhos estão na aula.
O complexo oferece ainda outros serviços para pais que queiram ficar despreocupados enquanto treinam, como creche, babysitting e o espaço Kids Zone, onde a garotada pode jogar videogame, ver TV e desenhar. Se havia alguma dúvida se uma estação de esqui também agrada às crianças, a resposta veio na pergunta feita por Sofia no fim da viagem: “Mamãe, quando vamos voltar?”.
Fonte: IG Turismo