Bayard Do Coutto Boiteux
O Brasil não pode e não deve pensar que aprende com grandes tragédias .É um grande equívoco ,após grandes desastres pensar que nascerá um novo momento de percepção.É triste mas as tragédias se repetem ,em formatos semelhantes e vivem de comoção pública durante alguns dias ou até semanas mas logo retomam o caminho da vida.
A morte faz parte da rotina humana .Sabemos todos que um dia vamos morrer e que podemos morrer inclusive a qualquer momento.Só que o descaso daquelas entidades governamentais ou privadas ,criadas para proteger a vida e que faltam em momentos importantes por deixarem de fiscalizar ou simplesmente de terem atuação efetiva no controle de qualidade é um crime.Crime contra aqueles inclusive que não podem gritar,nem se defender e cujos soluços não são ouvidos.
Lotação exagerada em locais de entretenimento têm sido uma constante na história recente de nosso país,começando pelo trágico episódio do Bateau Mouche. Hoje,o incêndio em Santa Marta no Rio Grande do Sul traz novamente o assunto à tona.A dor daqueles que perderam seus entes queridos em momentos inoportunos é muito mais dura.Vem carregada de um sentimento de fraqueza perante uma realidade de atitudes de grande controvérsia.Há uma voz em nossos corações que apela para revolta,mudança,jornalismo investigativo e que acaba acreditando nas providências pontuais que são tomadas.Não são politicas assistencialistas que vão responder ao ocorrido mas uma série de providências que devem fazer parte da rotina daqueles,que foram eleitos pelo povo e representam,de alguma forma,o “Zé Ninguém”,parafraseando Reich.
Continuaremos com casas desabando quando as chuvas aumentarem?Com ruas alagadas e as pessoas perdendo suas casas,seus carros ou simplesmente sua dignidade? Há,com certeza,recursos públicos para tal fim,que deixam de ser liberados ou utilizados,por força da burocracia e da incompetência administrativa.Quando questionados,os dirigentes prometem obras em seis meses e resolução parcial do problema.Será correto alguns de nossos chefes administrativos se esconderem em discursos,artigos,pronunciamentos na televisão para calar a constatação que não tem resposta:nada fizeram ou nada determinaram ou simplesmente esperavam que alguém o fizesse.
Nunca deixarei de ser otimista.Faz parte da minha visão do mundo.No entanto,verifico que quando grandes lutadores chegam ao Poder,esquecem de suas indagações e contrariando uma pseudo ideologia,aderem ao establishment, citando um termo que demostra uma adesão sem questionamento ao PODER. Sim,precisamos de homens que acreditem na luta contínua para mudanças radicais,que devem acontecer sempre de forma pacífica.O mundo está mudando, as revoluções silenciosas que clamam por democracia em praças públicas nos enchem de orgulho.Agora,vamos sair para as ruas,pedindo fiscalização ….
Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário,escritor,pesquisador e preside o Site Consultoria em Turismo
(www.bayardboiteux.com.br)