Bayard Boiteux

Conde alemão constrói autódromo em spa com pista profissional para turistas

Essa é daquelas histórias que só poderiam acontecer na Alemanha: um conde aficionado por automobilismo decide mudar o rumo da propriedade da família e constrói um autódromo anexo ao spa bicentenário que herdou.

O local, Bad Driburg, com o aeroporto internacional de Paderborn a 35 km de distância, é frequentado desde 1781 por veranistas em busca dos poderes terapêuticos de suas águas minerais.

Em 2007, as instalações foram renovadas, e o spa -que em alemão nada mais é do que “estância termal”, como a nossa Caxambu (MG)- virou o Gräflicher Park Hotel & Spa.

Ganhou ares modernos, com suítes especiais para banhos e massagens, nas quais é possível se hospedar em casal ou em família.

Mais recentemente, o conde conseguiu viabilizar uma ideia maluca, concretizada durante uma das mais profundas crises econômicas do continente europeu: construiu um autódromo profissional para chamar de seu -e de seus hóspedes.

A vocação medicinal do lugar, que abriga um centro de reabilitação, começa a dar lugar a outro tipo de clientela. E aqueles que tiram férias na Alemanha só para poder rodar sem limites nas Autobahns (rodovias) do país -ou apenas gostam de bancar perigosamente o Ayrton Senna na volta da praia – ganharam uma opção de turismo padrão FIA.

A Federação Internacional de Automobilismo acaba de certificar a pista de Bilster Berg, inaugurada em abril com 4,2 quilômetros e visitada pela Folha em agosto, para competições de tipo dois, com carros esportivos.

O conde Marcus von Oeynhausen-Sierstorpff diz não conhecer outro empreendimento igual no mundo. Conta ter gastado € 30 milhões (R$ 90 milhões) no empreendimento, dos quais € 11 milhões apenas para obter o licenciamento num país em que a segurança e meio ambiente são obsessões tão grandes quanto a velocidade.

Os hóspedes futuramente poderão alugar carrões no próprio hotel, assim como toda a infraestrutura, dos boxes para fazer pit stops a uma pista off-road e uma área para testes dinâmicos, de arrancada, frenagem etc. Além dos turistas, o conde espera alugar a estrutura para eventos e testes de montadoras.

Por enquanto, agências oferecem pacotes com toda a parafernália de bandeiras, paramédicos, carro-madrinha e afins por cerca de € 17.500 por dia (R$ 52.500). O valor, salgado, sobretudo em um hotel cuja diária comum custa € 120 (R$ 360), é, segundo o hotel, porque todas as exigências alemãs de segurança foram atendidas -e, “natürlich”, trata-se de um hobby para endinheirados.

O mantra que todos repetem em Bad Driburg é: enquanto a mulher faz tratamentos de beleza no spa, o marido corre na pista. Golfe e caça também são atrações focadas em aventura.
Na região, ainda é possível fazer caminhadas pela floresta dos arredores, que abriga as ruínas de Iburg, uma fortaleza destruída no século 8 por Carlos Magno. E tudo isso em total sossego, longe do ronco dos motores.

LITERATURA

Em 1796 o poeta alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843) teve ali uma aventura com a jovem Susette Gontard, então mulher de um banqueiro de Frankfurt.

O romance em Bad Driburg durou seis semanas e deixou como marca um busto dela, numa pequena ilha no meio de um lago que pode ser visto em passeio pela região.

O jornalista PAULO WERNECK viajou a convite da Porsche

Fonte: FOLHA Turismo

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