O crescimento do turismo internacional deverá rondar os 4% este ano, um valor “excelente”, a concretizar-se, e acima da média prevista, disse à agência Lusa o secretário-geral da Organização Mundial do Turismo (OMT), Taleb Rifai.
Nos primeiros seis meses do ano, o número de turistas internacionais atingiu quase 500 milhões, ao crescer 5 %, ultrapassando previsões de entre 3 e 4% para o cômputo do ano. “Obviamente, até agora, estamos a exceder as expectativas”, constatou Taleb Rifai em entrevista à Lusa, ressalvando que há dois fatores a considerar: os “importantes” meses de julho e agosto e, por outro lado, “o crescimento um pouco mais lento” característico da segunda metade do ano.
“Vou manter a nossa previsão de crescimento entre 3 e 4 %, mas definitivamente vai ser perto de 4 %, talvez cerca de 4 %, o que é excelente, porque as nossas previsões para os próximos 18 anos são de uma taxa de crescimento anual de 3,8 até 2020 e 3,3 de 2020 até 2030, por isso, é ligeiramente acima da média prevista de chegadas”, afirmou Taleb Rifai, à Lusa, em Macau, onde participou, esta semana, do Fórum de Economia de Turismo Global.
Mas, segundo Taleb Rifai, o essencial é saber para onde vão estas pessoas, ou seja perceber as tendências: “Uma das mais importantes, absolutamente confirmada em 2012 e na primeira metade de 2013, é que a quota de mercado está a mudar lenta e gradualmente para os países em desenvolvimento”.
“Apesar de os números ainda se encontrarem a favor de destinos maduros – como Europa, América do Norte e países desenvolvidos -, as taxas de crescimento estão a favor dos países em desenvolvimento”, prevê-se que, em 2015, o mundo esteja dividido em duas partes iguais (50-50), com metade dos até 1,1 mil milhões de turistas por essa altura nos países desenvolvidos e outra metade nos em desenvolvimento, explicou.
Um cenário que, em 2030, passará a ser de “60-40, a favor dos países em desenvolvimento”, apontou Taleb Rifai, considerando que a mudança de paradigma surge como um dos desenvolvimentos mais importantes.
Para o líder daquela agência das Nações Unidas, o “tremendo crescimento” a que estamos a assistir “é um facto e não é uma tendência reversível”. O desafio, constatou, é como geri-lo.
“O mais importante é que nunca devemos ter medo do crescimento”, pois “não quer dizer que mais crescimento signifique menos sustentabilidade ou que uma maior sustentabilidade exija menos crescimento, é uma assunção errada”.
Para o secretário-geral da OMT, o crescimento e a sustentabilidade têm de ser vistos como “duas faces da mesma moeda”.
A seu ver, “a população humana está destinada a crescer, (…) precisamos de viajar mais, mas de uma forma responsável e de modo a que as receitas e os benefícios do crescimento e o rendimento extra gerado sejam reinvestidos na preservação, na conservação, bem como em práticas mais responsáveis”.
Tudo depende da forma como se faz, frisou, ao comentar o caso de Macau em particular, um território com uma área de 30 quilómetros quadrados, densamente povoado, que recebeu mais de 28 milhões de turistas no ano passado, e que se encontra no limite da sua capacidade, de acordo com algumas vozes da sociedade.
“Macau ainda tem capacidade para crescer, se o fizer da melhor maneira, com visão de longo prazo e de forma a tornar a vida e o local ainda melhores”, observou, ao ressaltar não quer com isso dizer que não existam limites, como em tudo na vida.
“Não vamos é usar a sustentabilidade como pretexto para limitar o crescimento, devemos ser capazes de enfrentar o desafio de crescer de uma forma estável e responsável”, rematou.
Fonte: noticiasaominuto.com