Bayard Boiteux

Acidente de Schumacher alerta para riscos de quem esquia; saiba regras

O acidente sofrido pelo heptacampeão mundial de Fórmula 1, Michael Schumacher, enquanto esquiava em Méribel, na França, na manhã de domingo (29) alerta para os cuidados que esquiadores experientes, como o alemão, ou iniciantes, como muitos turistas, precisam ter na hora de descer uma montanha de neve. Uma montanha pode ter várias pistas de diferentes graus de dificuldades, e respeitar seus limites, fazer um treinamento com instrutor e usar o equipamento completo são alguns dos cuidados fundamentais para quem vai esquiar.

Schumacher, que tem experiência de anos esquiando e chegou a competir em nível amador no esqui alpino, um tipo de corrida vertical sobre esquis, foi encontrado pelos socorristas em uma área entre duas pistas, uma considerada de nível intermediário e outra de nível avançado. De acordo com a agência de notícias Associated Press, a área não estava demarcada nem nivelada. Ele passou por cirurgia e, até a tarde, desta segunda-feira (30), estava em coma e “lutando pela vida”, segundo os médicos.

Muitos turistas brasileiros aproveitam esta época de inverno no Hemisfério Norte para praticar esqui em pistas da Europa ou dos Estados Unidos. Segundo o site SnowOnline.com, que oferece pacotes de viagens de inverno, o Brasil já é o número um em gastos de turistas estrangeiros em Aspen, famoso destino de esportes de neve nos Estados Unidos, além de liderar em pistas no Chile e na Argentina.

Para os esquiadores de primeira viagem, Armando Aguinaga, diretor de marketing da SnowOnline.com, explica que o investimento em aulas de esqui antes de praticar o esporte radical rende mais tempo para aproveitar nas montanhas. “O dinheiro mais bem gasto numa viagem de esqui é com aulas. Se você tenta aprender por conta própria, você gasta tempo e energia e pega vícios difíceis de corrigir. Você gasta dinheiro [na aula], mas vai ganhar tempo nas férias, é muito mais seguro e proveitoso”, afirmou ele ao G1.

Na região dos Alpes, na Europa, uma das mais caras do mundo para esquiar, a aula coletiva de esqui de uma hora pode sair por 150 euros, ou por volta de R$ 450. O aluguel de esquis começa a partir de 160 euros, mas pode passar de 3 mil euros, diz Aguinaga. Além desses gastos, um pacote de viagem de uma semana incluindo passagem aérea, hospedagem e o passe de esqui gira em torno de US$ 2.300 (cerca de R$ 5.300).

Níveis de dificuldade
Segundo Aguinaga, cada pista de esqui tem um nível de dificuldade, e as montanhas de várias partes do mundo usam o mesmo padrão de cores para indicar esses níveis: as pistas verdes são recomendas para iniciantes, as azuis, para quem já tem nível intermediário. As pistas para esquiadores avançados são marcadas com a cor vermelha.

Existem ainda as pistas de cor preta, recomendadas apenas para especialistas no esporte. Em alguns locais, as pistas pretas têm até três outras divisões de dificuldade, indicadas com losangos e chamadas de diamante. Alguns esquiadores se arriscam em áreas consideradas selvagens, onde não há tratamento da pista e os riscos de acidente grave são mais altos.

Em Méribel, por exemplo, há oito pistas verdes, 28 azuis, 24 vermelhas e cinco pretas. Em geral, as pistas verdes têm angulação menor e são as mais próximas da base, com cerca de 100 metros de altura, além de serem as mais largas, e em alguns casos nem é preciso usar o teleférico para chegar ao topo delas –os esquiadores podem subir em uma esteira elétrica.

Aguinaga explica que as pistas são niveladas por caminhões, que retiram os obstáculos, como pedras e árvores, deixando apenas a neve. Como ela é fofa, as quedas são amortecidas e o risco de fraturas e lesões é pequeno.

O acesso às pistas, apesar de sinalizado, não é controlado. Portanto, qualquer pessoa pode esquiar em qualquer pista, o que faz com que a decisão de esquiar em uma pista fácil ou difícil seja individual. “A culpa não é do esporte. Você deve ter a prudência que você tem na sua vida. Não é porque você sabe dirigir um carro que vai sair fazendo corrida de carro. Você tem que conhecer seus limites e respeitar a natureza do esporte”, aconselha Armando, que esquia e anda de snowboard desde o fim da década de 1980 e desde então só sofreu uma lesão séria praticando os esportes, quando rompeu três ligamentos no ombro.

Segurança
Para fazer uma viagem a um resort de esqui, o seguro de saúde a ser contratado não precisa ser diferente de um seguro normal feito antes de qualquer viagem. Aguinaga recomenda aos turistas apenas que a cobertura seja maior. “O que a gente indica é um seguro de viagem que possa cobrir mais de US$ 50 mil (cerca de R$ 115 mil) por acidente.”

Ao comprar o passe de esqui, o usuário da montanha já recebe incluído todos os serviços de primeiros-socorros em caso de acidente em uma das pistas. “Se a pessoa se machucar e for atendida no pronto-socorro local ou no hospital, normalmente tem que acionar o seguro”, explica Aguinaga.

As montanhas também mantêm equipes de assistência na chegada de cada um dos teleféricos e no decorrer das pistas. Quando os esquiadores ultrapassam as áreas monitoradas, eles são avisados por placas de sinalização.

O horário de funcionamento da maioria das pistas de esqui pelo mundo segue a luz solar. “Normalmente a pista fecha uma hora antes de escurecer, justamente para dar tempo de todo mundo descer da montanha e chegar embaixo com segurança. Existem montanhas com esqui noturno, com iluminação em algumas pistas, que ficam abertas de três a quatro horas, Skymboat, Colorado. Não é muito popular porque é muito frio.”

O clima também é acompanhado de perto e as pistas em maior altitude costumam ser fechadas sempre que há probabilidade de um acúmulo de nuvens que possa comprometer a visibilidade. “A maior preocupação que uma estação de esqui pode ter é com relâmpagos e trovões. Os teleféricos são todos elétricos. Então, quando tem tempestade com raio, tudo para”, completa ele.

Segundo Aguinaga, para aumentar ainda mais a segurança dos esquiadores, os próprios esquis são fabricados com um sistema que automaticamente solta a bota do esportista quando ele torce as pernas, para evitar lesões no joelho e no tornozelo. No caso do snowboard, como as duas botas estão presas à mesma prancha, esses riscos de torção já são menores. Capacetes só são obrigatórios para quem pretende fazer saltos ou descer pistas em alta velocidade. “Se você vai só para recreação, para brincar, com gorro não tem problema”, diz Aguinaga.

Fonte: G1

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