Bayard Boiteux

Brasileiros com viagem para fora do país levam dinheiro para ‘driblar’ IOF

O aumento da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre uma série de formas de pagamento de compras no exterior, que começou a valer no último sábado (28), afetou os planos de turistas brasileiros que estão fora do país ou têm viagem marcada nessas férias.

Anunciada na sexta-feira (27) pelo Ministério da Fazenda, a medida elevou de 0,38% para 6,38% o IOF incidente nos pagamentos em moeda estrangeira com cartão de débito, saques no exterior, compras de cheques de viagem (traveller checks) e carregamento de cartões pré-pagos. Com isso, essas operações passaram a ter a mesma tributação que hoje incide sobre os cartões de crédito internacionais.

Com passagem comprada para os Estados Unidos para esta noite, o advogado Gustavo Alfredo, de 32 anos, correu para o banco nesta segunda-feira (30) para comprar dólares em espécie.

Gustavo, que vai para Miami e Orlando com mais 11 familiares, já havia adquirido a maior parte da moeda estrangeira que pretende usar antes da mudança da alíquota, mas pensava em fazer seus pagamentos principalmente com cartão de débito durante a viagem. “Agora, para não sofrer o impacto do aumento, vou levar mais dinheiro em espécie”, afirma.

A ideia é não ter nenhum prejuízo com os passeios e com as compras. “A gente sempre aproveita para fazer compras, já que é mais barato”, diz.

Cartão de crédito
A engenheira Gabriela Castro, de 28 anos, foi surpreendida pela mudança. Ela vai passar 40 dias na África do Sul a partir de 16 de janeiro e pensava em recorrer a um cartão pré-pago e a saques no país de destino, como havia feito em viagens anteriores. “Agora vou colocar um pouco de dinheiro no cartão pré-pago só por segurança, mas meu foco vai ser usar papel-moeda e cartão de crédito”, diz.

Gabriela afirma que fica insegura com o fato de a taxa de câmbio ser aplicada apenas no dia de fechamento da fatura do cartão de crédito, mas diz que pretende usar o meio de pagamento porque está cadastrada em um programa de milhagem.

“Não gosto disso porque o dólar oscila muito, mas já que vou ter que pagar a mais, que eu consiga milhas, pelo menos”, diz. “A situação piorou muito para quem viaja”, opina.

O músico e produtor musical Glauber Ribat, de 30 anos, que está no meio de uma viagem pela Europa, também vai passar a usar o cartão de crédito por causa do programa de fidelidade. “Como todos os cartões estão caros, prefiro ter o benefício de acumular algo”, diz.

Ele carregou um cartão pré-pago antes de viajar, mas diz que agora não deve mais recarregá-lo à distância, como pretendia. “Com a nova taxa, não vale a pena. Se eu precisar, prefiro trocar alguns reais que eu trouxe em alguma casa de câmbio na Europa”, diz.

Quando soube do aumento da taxa, o analista de sistemas Wagner Junio, de 34 anos, decidiu recarregar seu cartão pré-pago na própria sexta-feira à noite, antes que houvesse nova alíquota.

Ele foi para a França no Natal e fica lá até o dia 11 de janeiro. “Havia deixado uma reserva para o caso de precisar. Agora, se eu não utilizar tudo o que recarreguei, vai sobrar saldo no cartão”, conta.

Fonte: G1

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