Bayard Boiteux

Turistas adaptam roteiro de viagem para levar bichos de estimação

Piscina de plástico, kit de remédios, roupas, comida, produtos de higiene, brinquedos. Quando viajam, Jackeline Mota e seu marido, Rômulo Elizardo, enchem o bagageiro do carro com itens que serão usados por um passageiro exigente: Maquiavel, um buldogue francês de um ano e meio.

O casal, que mora no Rio de Janeiro, gosta de viajar para cidades turísticas do estado com o cachorro. Juntos, os três já estiveram em Paraty, Visconde de Mauá, Cabo Frio e Búzios. “Somos muito apegados a ele. E é muito bom a gente poder se divertir juntos. Ele adora”, diz Jackeline.

A escolha do destino leva em conta a receptividade para animais. Eles, inclusive, já deixaram de ir a alguns lugares por não encontrar a hospedagem adequada. “Preferimos procurar outro lugar ou ficar no Rio com ele”, afirma ela.

O roteiro da viagem também sofre adaptações para que o cão possa participar dos passeios. Em Paraty, por exemplo, Jackeline e Rômulo preferiram não ir a museus para privilegiar atividades ao ar livre.

“Tem gente que deixa de ter cachorro porque gosta de viajar, mas isso não é um empecilho” — Jackeline Mota, dona do buldogue Maquiavel

No trajeto de carro, Maquiavel usa um cinto de segurança especial, que funciona como uma espécie de adaptador para o cinto comum. No hotel, dorme na caminha que viaja junto com ele e que é colocada no quarto dos donos.

Durante os passeios, ele corre, se refresca na piscina de plástico e está aprendendo até a deslizar em um skate especial para cães.

Para Jackeline, as concessões que precisam ser feitas durante a estadia compensam. “Tem gente que deixa de ter cachorro porque gosta de viajar, mas isso não é um empecilho”, afirma.

Adaptações
A rotina de Jackeline e Rômulo em suas viagens com Maquiavel se repete com outras pessoas que gostam de viajar junto com seus animais.

Da escolha do destino ao roteiro turístico, passando pela bagagem que é preciso levar, é preciso adaptar os planos à presença do pet. “Sempre muda. Tem que ficar mais em casa ou no hotel, não voltar muito tarde da rua. É como se fosse uma criança”, compara o empresário Hilas Al Khoure.

Ele e sua mulher, a publicitária Fernanda Galvão, gostam de viajar com Chimichurri, um Lulu da Pomerânia que tem a mesma idade de Maquiavel, um ano e meio.

Chimi vai no carro em uma “cadeirinha” especial para animais, que parece uma espécie de cesta presa no banco de trás. “No início ele não gostava, mas agora já se acostumou. É uma bagunça danada no carro”, conta Hilas.

O Lulu já conheceu cidades como Angra dos Reis, Teresópolis e Búzios. Em breve, seu filhote de três meses, Boo, deve se unir ao grupo.

Para Hilas, o segredo para aproveitar uma viagem com animais de estimação é ir preparado para um programa diferente. “Quando viajamos sem ele, é um momento nosso, de curtir o casal. Mas quando ele vai, a proposta é curtir estar com ele”, afirma.

Gatos e papagaio
Moradora de Santos, a professora de ioga Gabriela Machado surpreendeu a dona de uma pousada no interior de São Paulo quando pediu para se hospedar lá com duas gatas e um papagaio.

Dara, Pandora e Bob acompanharam ela e o marido na viagem a São José do Barreiro (SP), na Serra da Bocaina.

As gatas costumavam ficar em casa durante as viagens do casal, mas nesse fim de semana uma delas estava doente e eles preferiram levar a trupe toda.

Já Bob, que hoje tem seis anos, os acompanha desde pequeno. “Ele adora. Quando vê a gaiola de transporte. fica alucinado, começa a gritar”, conta Gabriela.

“Bob adora viajar. Quando vê a gaiola de transporte, fica alucinado. No carro, é só alegria. Ele come batata, salgadinho” — Gabriela Machado, dona do papagaio Bob

No trajeto, segundo Gabriela, o papagaio é “só alegria”. “Ele come batata, salgadinho, chama as gatas pelo nome. É supercomunicativo”, conta, rindo.

A família se hospedou em um chalé, onde os animais podiam dormir durante a noite. De dia, ficavam no jardim, do lado de fora.

Ela e o marido saíam para passear, mas davam um jeito de passar na pousada de vez em quando para checar se tudo estava em ordem.

“Geralmente, a gente acorda, já ganha a rua e só volta para dormir. Com eles lá, tivemos a preocupação de dar uma passadinha para ver como estavam”, conta.

Para Gabriela, a experiência foi válida. “Se eu não tivesse levado, ficaria preocupada. Quando estão comigo sei que estou cuidando deles e também me divertindo.”

Manual de viagem
Veja 20 ficas dos sites Turismo 4 PatasViaje Sim! para viajar bem com seu animal.

1) Na primeira viagem com ele, prefira um fim de semana em vez de uma temporada longa.

2) Escolha um destino que seja adequado para o seu animal. Áreas rurais e cidades menores costumam ser ótimas para eles. Se a viagem privilegiar programas muito urbanos e culturais (como visitas a museus e idas a restaurantes), talvez seja melhor deixá-lo em casa. Em cidades litorâneas, pesquise para ver se eles são aceitos na praia.

3) Confirme se o hotel escolhido aceita animais e em quais condições: onde ele poderá dormir (no canil ou no quarto?), em quais áreas comuns ele poderá circular, se é cobrada alguma taxa, o que é proibido e o que é permitido.

4) Se o seu cão late muito, prefira quartos mais distantes dos outros (chalés são ótimos), para não incomodar os demais hóspedes.

5) Coloque na coleira uma etiqueta de identificação e leve uma fotografia do animal para poder mostrar caso ele se perca.

6) Se a viagem for muito longa ou estressante considere a utilização de um tranquilizante, mas só dê o remédio com orientação do veterinário.

7) Leve na bagagem todos os itens do animal, incluindo material de higiene, kit de primeiros socorros e a ração à qual ele está acostumado em quantidade suficiente para a duração da viagem. Leve também alguns brinquedos para distraí-lo no destino e no trajeto.

8) Mantenha sempre a vacinação do animal em dia. Leve na viagem a carteira de vacinação regularizada e assinada pelo veterinário. Dê especial atenção à vacinação anti-rábica, pois ela é indispensável para viagens nacionais e internacionais. Ela deverá ser aplicada pelo menos 30 dias antes da data da viagem, no caso da primeira dose, e é válida por um ano.

9) Para viagens nacionais, é preciso apresentar um “Atestado de Saúde” ou “Certificado Sanitário”, emitido por veterinário e contendo as informações como raça, nome, origem do animal, estado geral de saúde, nome do proprietário e destaque para a comprovação de imunização anti-rábica.

10) Se a viagem for internacional, é preciso apresentar o CZI (Certificado Zoosanitário Internacional), emitido gratuitamente pelo Ministério da Agricultura, nos aeroportos internacionais ou na sede do Ministério da Agricultura de cada estado. Verifique também nas embaixadas ou consulados as exigências específicas de cada país de destino para a entrada de pets.

11) Escolha um horário tranquilo para a partida, evitando períodos de muito trânsito ou calor.

12) Não é permitido transportar o animal solto dentro do veículo. É preciso usar caixa de transporte, cintos de segurança apropriados, cadeirinhas especiais ou grades de proteção.

13) Faça paradas regulares para que o animal possa se exercitar, beber água e fazer suas necessidades.

14) Evite alimentá-lo durante a viagem, pois isso pode favorecer o enjoo no animal. O ideal é dar uma refeição leve duas ou três horas antes da partida.

15) Pode ser recomendado colocar uma capa no banco de trás do carro, para que o animal não destrua.

16) Não deixe o bicho preso dentro do automóvel fechado, principalmente quando estiver estacionado sob o sol.

17) Não deixe o animal sozinho no quarto do hotel. Ele pode causar danos ou latir e incomodar os outros hóspedes.

18) Mantenha as patas do pet sempre limpas e secas, para não sujar muito os locais por onde ele vai circular.

19) Leve-o para fazer as necessidades preferencialmente fora do hotel e recolha a sujeira.

20) Deixe o animal desfrutar das áreas livres, correr e rolar na grama. A viagem deve ser boa para todos.

Fonte: G1

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