Bayard Boiteux

Reabilitando-se da guerra, Bósnia é rica em história

Grande surpresa das eliminatórias europeias para a Copa do Mundo do ano que vem, a Bósnia-Herzegovina tem tanta tradição no futebol quanto como destino turístico. Mesmo assim, oferece atrações históricas, religiosas e belezas naturais para os turistas que ousam explorar mais do leste europeu. Ainda marcada pela sangrenta guerra que assolou o país no início da década de 1990, uma das mais pobres ex-repúblicas iugoslavas busca reerguer sua economia, ainda sustentada basicamente pela exportação de metais.

A Guerra da Bósnia causou uma queda de 80% na produção e um aumento no desemprego entre 1992 e 1995, mas, nos últimos anos, o PIB teve um crescimento razoável – mesmo estando bem abaixo de vizinhos como Croácia, Eslovênia ou Sérvia. A crise da zona do euro afetou a economia, já que o marco conversível (equivalente a aproximadamente R$ 1,50) está indexado ao euro, deixando a moeda estável. Mesmo com as dificuldades econômicas, as belezas naturais e, principalmente, a rica cultura e história do país atraem turistas. A proximidade com a Croácia é um fator que tem tornado o país um crescente – ainda que incomum – destino para os brasileiros, afirma Thiago Gambôa, do departamento de marketing da ViaBr turismo.

A receita vinda do turismo em 2012 foi quase três vezes a de 15 anos atrás. Porém, o número ainda é pequeno. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas, 439 mil turistas visitaram a Bósnia no ano passado, quase 200 vezes menos que o principal destino, França, e 12 vezes inferior ao índice brasileiro. A maior parte dos visitantes vem de países próximos como Croácia, Sérvia, Polônia e Eslovênia.

A cidade favorita dos turistas é a histórica Sarajevo. Quase totalmente destruída durante a violenta primeira metade da década de 1990, a capital bósnia apresenta a arquitetura otomana aliada às recordações das guerras e a um impressionante sincretismo religioso. “Sarajevo é uma das cidades mais orientais e de maior diversidade cultural da Europa, que esteve por mais de 300 anos sob o poder dos turcos até a chegada do império Austro-Húngaro no fim do século XIX”, afirma Gambôa. A Bósnia conta com uma grande população muçulmana, e a capital tem como um dos principais pontos a Mesquita de Gazi Husrev-Beg.

Atrações

O país tem papel importante na história mundial. Foi em Sarajevo, na Ponte Latina, que o arquiduque Franz Ferdinand foi assassinado em 1914, dando origem à Primeira Guerra Mundial. Também no roteiro que reconstitui as guerras pelas quais a Bósnia passou, está o Túnel da Vida, 25 metros (restantes dos 850 metros originais) subterrâneos contruídos durante o cerco a Sarajevo entre 1992 e 1995.

Além da capital, Mostar é outra atração, diz Gambôa. Neste caso, os destaques são as belezas naturais do vale e a Ponte Antiga, construída pelos otomanos em 1566. Medjugorje, por sua vez, atrai fiéis querendo conhecer a cidade onde teria aparecido a Virgem Maria. Patrimônio da Humanidade, Pocitelj também é atração por sua fortaleza.

A grande novidade do turismo na Bósnia nos últimos anos foi Visoko. A cidade ficou conhecida em 2005, após ser levantada a hipótese de que três colinas da região seriam, na verdade, pirâmides construídas há 12 mil anos – com quase o dobro da Grande Pirâmide do Egito. Apesar do formato intrigante das colinas, a teoria encontrou pouca sustentação no meio.

Saindo do Brasil, pacotes que abrangem a Bósnia incluem ainda cidades em Montenegro, Sérvia, Eslovênia ou na requisitada Croácia. Mostar, Medjugorje e, principalmente, Sarajevo são os destinos na Bósnia-Herzegovina – ainda que as passagens por lá sejam de curta duração. Um voo a Sarajevo, saindo de São Paulo, pode custar a partir de R$ 2.300.

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