Bayard Boiteux

Turistas dividem espaço com ratos em jardim do Louvre em Paris

O jardim do museu do Louvre, local apreciado por parisienses e turistas para fazer piqueniques, ganhou neste verão novos frequentadores: o lugar está infestado de ratos que correm pelo gramado em plena luz do dia em busca de comida e se aproximam das pessoas.

A notícia ganhou destaque depois de ser revelada por um fotógrafo da agência Sipa, que tirou inúmeras fotos mostrando roedores do tamanho de pombos – ou até maiores – a poucos metros de crianças brincando e de pessoas deitadas ou andando pela grama.

O Louvre atrai mais de 9 milhões de visitantes por ano e é um dos museus mais prestigiosos do mundo. O jardim do Louvre se situa perto da pirâmide do museu, a poucos metros do jardim de Tuilleries.

Não foi apenas nos arredores do Louvre que os ratos ganharam as manchetes na França.

Nesta semana, foi revelado que a colisão de trens ocorrida na semana passada perto de Pau, no sudoeste, e que deixou 40 feridos, foi causada por ratos que roeram os cabos elétricos do sistema de sinalização.

Os roedores provocaram um curto circuito que desregulou a sinalização dos trens, informou a estatal ferroviária SNCF.

A companhia ferroviária informou que irá inspecionar todas as cabines de sinalização do país para verificar se há problemas de ratos nos locais.

Visitantes
Enquanto isso, no jardim do Louvre, muitos visitantes ainda não sabem que há pelo menos várias dezenas de roedores no local.

A reportagem da BBC Brasil viu um grupo desavisado de 20 estudantes estrangeiros fazendo tranquilamente um piquenique na terça-feira no momento em que um rato se aproximou. A professora de francês que acompanhava os alunos gritou ao ver o roedor sair dos arbustos.

“Não sabia que tinha ratos aqui. Se soubesse, não teria vindo. Esse lugar é insalubre. Nunca vi ratos no Rio de Janeiro. Acho que há mais ratos em Paris do que no Rio”, disse a estudante carioca Luíza Aguiar.

“Não é bom ficar nesse lugar se existem tantos ratos. Deve ser porque Paris é uma cidade um pouco suja”, disse a turista sul-coreana Kim Ye Eun, que estava sentada na grama com uma amiga e foi informada pela reportagem da BBC Brasil sobre a presença de dezenas de roedores no local.

O estudante francês Robin Kevin, que mora na periferia de Paris, sabia que há ratos no jardim do museu, mas decidiu passear no local mesmo assim.

Ele estava alimentando pardais, apesar das declarações das autoridades municipais e do museu de que a comida deixada no jardim é o principal motivo para o aparecimento dos animais.

“Eu li que há uma estação de metrô em obras aqui perto e os ratos dali vieram para o jardim para buscar comida. Não vi nenhum rato até agora, mas se aparecerem vou embora”, afirmou Kevin.

Alimentando o problema
Há obras nas proximidades, mas para especialistas o principal problema são os restos de alimentos (até mesmo migalhas) deixados nos gramados pelos visitantes.

No verão, o número de turistas aumenta consideravelmente e as latas de lixo ficam abarrotadas.

Nos arbustos que decoram o jardim do museu, há inúmeros buracos cavados pelos ratos. Eles se concentram ali e saem pelo gramado para buscar comida.

O vendedor de uma barraca de sanduíches da rede Paul no jardim do museu disse à BBC Brasil ver regularmente vários ratos por dia.

No jardim, nas proximidades do rio Sena, a presença de ratos não é algo novo. A diferença, segundo especialistas em desratização, é que desta vez eles podem ser vistos em grande número em plena luz do dia.

A direção do Louvre informou que realiza regularmente desratizações no jardim. Durante o verão, época de piqueniques, ela é efetuada mensalmente, mas desta vez isso não foi suficiente, segundo o museu. Uma empresa especializada já foi acionada.

“Quando a proliferação é forte, como neste momento, a frequência de desratizações aumenta”, diz Élise Guillou, porta-voz do Louvre.

A reportagem da BBC Brasil viu funcionários de uma empresa de desratização trabalhando no local. Eles colocam armadilhas nos arbustos. “Há ainda muitos ratos aqui”, disse um dos empregados.

Franceses e turistas que ficaram a par do problema somente quando já estavam no jardim do museu reclamaram do fato de não haver placas informando sobre a presença de ratos no lugar.

Outros, no entanto, não se incomodam em ver os roedores e continuam comendo ou deitados na grama. Crianças chegam a correr atrás dos ratos para brincar como se fossem pombos. É o que disse o fotógrafo Xavier Francolon, da agência Sipa, que passou dois dias no local fazendo fotos.

“Muitas pessoas são totalmente indiferentes à presença dos ratos”, diz Francolon.

Fonte: G1

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