Tirar selfies em atrações turísticas não é nada novo. Mas até recentemente, se o viajante quisesse uma foto melhor em que aparecesse não só ele mas também o monumento visitado ao fundo, tinha que pedir para algum estranho tirar a foto.
Agora, tirar fotos próprias ou de grupo captando um ângulo maior ficou mais fácil com os bastões retráteis para selfies – extensores que permitem fixar a câmera ou o celular em uma extremidade e segurá-los a alguma distância.
Batizado popularmente de “pau de selfie”, o acessório já é oferecido insistentemente por vendedores na entrada de atrações turísticas como o Coliseu e ganhou rapidamente adeptos pelo mundo. Mas também é alvo de críticas e até de proibição em alguns espaços.
Conveniente, mas narcisista
Os fãs ressaltam sua conveniência: não é preciso mais incomodar os passantes pedindo que eles tirem fotos e correr o risco de um resultado que não agrada ou, pior, de a pessoa sair correndo com o iPhone ou a câmera na mão. Além disso, alegam, é um avanço em relação às selfies comuns porque permitem evitar aquela imagem estranha do braço esticado ao tirar o autorretrato.
Mas alguns viajantes lamentam a perda da pequena interação decorrente de pedir a algum morador local que ajude a preservar a memória da viagem.
Além disso, críticos expressam profundo ódio aos bastões por encarnarem um símbolo do foco de muitas pessoas em si mesmas.
Em inglês, há quem chame o acessório de “narcissi-stick”, em uma brincadeira com a palavra “nascissistic”(narcisista).
Em diversas atrações turísticas, como como no Burj Khalifa, o famoso arranha-céu de Dubai, e na Torre Eiffel, em Paris, os “paus de selfie” já se tornaram onipresentes.
O Hotel Four Seasons, em Houston, nos Estados Unidos, começou a deixar bastões de selfie disponíveis para os hóspedes desde a última semana, “da mesma forma que muitos hotéis emprestam guarda-chuvas”, afirma a porta-voz do estabelecimento, Laura Pettitt.
Já um estádio de futebol em Londres, o White Hart Lane, resolveu proibir o acessório porque ele estava “obstruindo a visão de outros torcedores”.
Febre no Coliseu
Há vários tipos de bastões de selfie. Os modelos mais simples apenas seguram o celular e é preciso usar o temporizador da câmera, enquanto os mais sofisticados usam tecnologia Bluetooth ou um fio para se conectar ao telefone, permitindo disparar o clique à distância.
A americana Sarah Kinling, conta que foi abordada “17 vezes” por vendedores desses bastões no Coliseu, em Roma. “Quanto mais eu os via em uso, mais eu via como as pessoas focam nas selfies e não olham para o lado para ver o que elas foram ver”, critica.
Mas alguns viajantes afirmam que gostam do bastão porque preferem tirar as próprias fotos de viagem. Andrea Garcia conta que uma vez pediu que um estranho tirasse uma foto dela no Egito e mais tarde percebeu que ele deu zoom em seu rosto, cortando as pirâmides do fundo. A experiência fez com que ela apreciasse os “paus de selfie”. “Você consegue controlar sua foto”, diz.
A americana Megan Marrs, autora de um blog de viagem, disse que no início achou os bastões “ridículos”, mas acabou se rendendo. “Não gosto de incomodar as pessoas pedindo que tirem minha foto. Às vezes me sinto boba – uma turista a mais tirando selfie no Coliseu –, mas estou mais confortável tirando a foto por mim mesma do que pedindo a outra pessoa.”
Fonte: G1