Um iPhone roubado em um bar de Nova York acabou levando o dono do aparelho para o outro lado do mundo: a China, onde ele ganhou um amigo, fez turismo pelo país e se tornou uma celebridade local.
A história com desfecho inusitado começou em fevereiro do ano passado, quando o celular do americano Matt Stopera foi furtado da mesa onde ele estava em um encontro com amigos.
Um ano depois, começaram a aparecer em seu novo aparelho fotos que ele não havia tirado. Muitas delas eram selfies de um oriental em frente a um pé de laranja. Um amigo desvendou o mistério: seu celular antigo tinha ido parar na China e, como sua conta ainda estava logada na nuvem, as fotos tiradas pelo novo proprietário do aparelho continuavam aparecendo para ele.
Matt, que escreve para o site internacional BuzzFeed, publicou um post com a foto do chinês questionando: “Quem é este homem e por que as fotos dele estão aparecendo no meu iPhone?”
Alguém postou a pergunta no Weibo, uma espécie de Twitter chinês, e em poucas horas o pedido de Matt se tornou o assunto mais popular na plataforma.
Pouco depois, alguém encontrou o homem das selfies. Era Li Hongjun, dono de um restaurante, que foi chamado pelos usuários do Weibo de “Brother Orange” (irmão laranja), por causa da laranjeira que aparecia ao fundo em suas fotos.
Matt e o “irmão laranja” trocaram mensagens virtuais por algumas semanas, até que ele o convidou para visitá-lo na China.
No fim de março, depois de uma longa viagem que passou por quatro aeroportos diferentes, o americano chegou a Meizhou, a cidade no sul da China onde Li mora.
Fotógrafos no aeroporto
Matt foi recebido no aeroporto de destino pelo “irmão laranja” junto com diversos repórteres, fotógrafos e cinegrafistas da mídia local. “Isto é insano. Tudo é muito maluco”, escreveu Matt, em um texto no qual conta sua história.
Ele e o chinês conversaram com a ajuda de um intérprete. Matt recebeu de volta seu iPhone e ficou sabendo a trajetória do aparelho até lá. Primeiro, o celular tinha sido enviado para Hong Kong. Em seguida foi para Shenzhen, na China, considerado o maior mercado de celulares de segunda mão do mundo. Lá, um primo do “irmão laranja” tinha comprado o aparelho para dar de presente a ele.
Passeios, selfies e amizade
Matt ficou cerca de 10 dias na China. Ele se hospedou na casa de Li, conheceu sua mulher e seus quatro filhos e passeou por vários lugares com ele. Foram a uma fazenda de chá, a um karaokê, a uma escola, a uma área de montanha, tomaram um banho de lama em um lugar típico e plantaram uma laranjeira para simbolizar sua amizade.
Os dois viajaram juntos para Pequim, Matt aprendeu a cantar músicas em chinês e ensinou inglês a Li. Ele também descobriu que Li havia rebatizado seu restaurante como “Irmão Laranja”.
Tudo era acompanhado pela mídia chinesa, e Matt conta em seu relato, surpreso, que teve que tirar selfies com desconhecidos, dar autógrafos e participar de entrevistas coletivas.
Apesar de não falarem o mesmo idioma, Matt e o “irmão laranja” foram se tornando amigos.
“Estamos nos tornando totalmente confortáveis em relação ao outro. Nossos sorrisos estão se tornando menos forçados e mais genuínos”, escreveu o americano. E também: “Eu agora sou da família dele. Somos irmãos”, disse.
Matt escreveu, após a despedida, que sabe que um dia verá seu “irmão” chinês novamente. “Eu sei, por causa do que aconteceu comigo, que você nunca sabe o que vai acontecer. Quem teria pensado que um iPhone roubado culminaria em uma história tão insana e em uma verdadeira amizade?”, afirmou.
Fonte: G1