Após começar o ano cotado a R$ 3,94, o dólar comercial terminou o primeiro semestre de 2016 rondando o patamar de R$ 3,20. A queda da moeda tem feito turistas que haviam adiado viagens ao exterior voltarem a considerar os planos de visitar outros países.
É o que disseram ao G1 profissionais de agências de viagem. Segundo eles, a procura por pacotes turísticos internacionais voltou a crescer após a baixa do ano passado, especialmente nos últimos dias, com a recente queda da moeda.
“O que eu tenho sentido é procura muito grande por pacotes pra Orlando, para a Disney. Que é uma demanda reprimida do ano passado, já que o dólar alto deu uma inibida nessa procura”, diz o gerente do departamento de viagens a lazer da Nix Travel, Elquisson Souza.
“De uns 15 dias para cá, a procura aumentou muito. Por enquanto ainda não resultou em vendas, mas esse derretimento das moedas estrangeiras realmente deu uma acelerada na procura.”
Aldo Leone Filho, presidente da Agaxtur Viagens, também fala em “demanda reprimida”. “A demanda reprimida de quem não estava podendo viajar porque estava muito caro agora começa a encontrar opções e viagens mais em conta, ainda mais com o parcelamento fixo em reais, que é diferente da compra do cartão de crédito, que fica com o risco de quando vai ser cobrada a fartura do cartão”, afirma.
Quando faz compras em dólar com o cartão de crédito, o consumidor fica sujeito à cotação da moeda no dia do pagamento da fatura, e não no momento da compra. O valor da fatura é emitido de acordo com o câmbio no dia do seu fechamento. Se o cliente faz o pagamento em uma data diferente, ainda dentro do prazo de vencimento, está sujeito ao preço do dólar naquele dia.
Aldo Leone Filho conta ainda que, nos últimos dias, sentiu um forte aumento da procura por viagens para a Europa, com o euro em queda.
“Esse negócio do euro baixo está sensacional pra gente. O que nós vendemos para a Europa nas últimas duas semanas é quase o dobro do ano passado. É inegável”, afirma. “E tem ainda uma mudança do comportamento do consumidor. O brasileiro está voltando a buscar viagens pela cultura e para ‘dar um relax’, não para fazer compras.”
Para quem tem viagem marcada, é hora de comprar dólar?
Mesmo em momentos de alta ou queda brusca do dólar, a recomendação dos especialistas é evitar fazer “previsões” para escolher o momento da compra da moeda para viajar.
“Fazer previsões obre o dólar é sempre complicado, é mais ou menos que nem acertar o sexo do bebê durante a gravidez sem ultrassom. O que a gente sugere é prestar atenção no valor médio”, diz José Eduardo Balian, professor da Faculdade de Administração da FAAP. “A sugestão é: vá comprando em período diferentes.”
Isso significa que a recomendação para o turista que vai viajar daqui a três meses, por exemplo, é de dividir a compra, adquirindo um pouco de dólares a cada mês, por exemplo. Assim, no final, terá comprado a moeda pelo valor médio daquele período. “O valor médio é mais interessante que o valor específico do momento”, diz Balian.
“É duro saber o momento certo de comprar. Se você vai viajar, compre um pouco hoje, um pouco amanhã, depois de amanhã, semana que vem, e analise o valor médio. Agora, claro, se você não comprou a moeda ainda e vai viajar agora, com essa queda é um bom momento. Mas é difícil saber o que vai acontecer na semana que vem, de repente estoura uma bomba, acontece outro escândalo, uma coisa muito séria, e aí o dólar vai subir de novo. Por isso o valor médio pode ser uma solução.”
Por que o dólar de turismo é mais caro?
O dólar de turismo, também usado por consumidores para comprar algo no exterior ou mesmo quando importam produtos de outros países, é mais caro que o dólar comercial – usado pelas empresas e bancos para as outras transações realizadas no mercado de câmbio, como exportação, importação e transferências financeiras.
O preço pago pelo dólar leva em consideração os custos administrativos e financeiros. Segundo o Banco Central, a taxa de câmbio pode variar de acordo com a natureza da operação, da forma de entrega da moeda estrangeira e de outros componentes tais como valor da operação, cliente, prazo de liquidação etc. Como os consumidores compram volumes menores que as empresas e outros bancos, esses custos tendem a ser maiores.
Fonte: G1