O Ministério do Turismo foi palco nesta sexta-feira (31) de uma apresentação sobre o Sistema Brasileiro de Trilhas de Longo Curso, que busca interligar unidades de conservação ambiental (UCs) de todo o país por meio de percursos sinalizados. O coordenador-geral de Uso Público e Negócios do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Pedro Menezes, detalhou a iniciativa, que inicialmente prevê a formação de quatro grandes corredores naturais.
Brasil ganhará grandes corredores naturais para o ecoturismo. Foto: André Martins/MTur
Os circuitos são o Litorâneo, do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS); a Trilha Missão Cruls, entre a Cidade de Goiás e a Chapada dos Veadeiros, em Goiás; o Caminhos do Peabiru, do Parque Nacional do Iguaçu (PR) ao litoral paranaense, e a Estrada Real, que abrange Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A sinalização dos trajetos segue um modelo mundialmente aplicado e consiste numa pegada amarela sobre uma base preta, indicando o sentido a ser percorrido.
Um Acordo de Cooperação Técnica entre os ministérios do Turismo, do Meio Ambiente, a Embratur e o ICMBio visa implementar uma política de gestão de uso público das UCs, em parceria com o setor privado. Pedro Menezes previu avanços a partir do trabalho integrado. “Isso vai gerar um ciclo virtuoso de aumento da visitação nos parques nacionais com mais qualidade de serviços e, portanto, um grau de apreciação maior do que a gente tem hoje. Vemos a parceria com o MTur como estratégica”, declarou.
As ações conjuntas envolvem o incentivo ao ecoturismo associado à conservação da biodiversidade, além do apoio à promoção dos destinos. A meta é aproveitar o potencial das unidades para atrair visitantes a estes espaços e ao seu entorno. O coordenador-geral de Planejamento Territorial do Turismo do MTur, Eduardo Madeira, destacou benefícios da união de esforços. “Vamos fortalecer as atividades turísticas nos parques, ajudando a gerar renda nas comunidades do entorno das unidades”, apontou.
O traçado das trilhas segue aberto a eventuais alterações necessárias ao longo do processo de implementação, que reúne diferentes esferas de governo, proprietários privados e a sociedade. O trabalho do ICMBio se baseia em exemplos internacionais como o dos Estados Unidos, onde o sistema de trilhas, com 50 anos de existência, liga mais de 90% das unidades de conservação. Os EUA possuem hoje 95 mil quilômetros de caminhos sinalizados, ligando 24 dos seus 60 parques nacionais.
O coordenador-geral substituto de Uso Público e Negócios do ICMBio, Fábio França, que também participou da palestra, citou vantagens do aproveitamento dos percursos, como o incentivo à atuação de guias e transportadores, além da ocupação de campings e meios de hospedagem. França relatou a grande procura por atividades na área no país. “No Pico das Agulhas Negras, por exemplo, pessoas chegam às 4h para fazer a subida pegando senha. A gente tem uma oferta gigante para aproveitar”, enfatizou.
Os técnicos do ICMBio divulgaram o Manual de Sinalização de Trilhas, já compartilhado durante capacitações realizadas em várias partes do país. Também acompanharam a apresentação o diretor do Departamento de Ordenamento do Turismo do MTur, Rogério Coser; o diretor do Departamento de Infraestrutura Turística do MTur, Victor Hugo Mosquera; o coordenador-geral de Produtos Turísticos do MTur, Cristiano Borges, e a coordenadora-geral de Turismo Responsável do MTur, Gabrielle Nunes, entre outros servidores da Pasta.
PERCURSOS – O Corredor Litorâneo engloba 8.000 quilômetros, passando por mais de 100 UCs ao longo da costa nacional. Já o Missão Cruls, com 600 quilômetros, seguirá o caminho percorrido por Luiz Cruls para delimitar a área onde seria construída Brasília. O Caminhos do Peabiru, por sua vez, com cerca de mil quilômetros, retrata o percurso dos índios Guarani ligando o Oceano Atlântico aos Andes, e a Estrada Real, com mais de 1.700 quilômetros, segue o trajeto usado pela Coroa Portuguesa no período colonial.
Edição: Vanessa Sampaio / MTur