Bayard Boiteux

“Não há turismo a mais, há é pessoas a menos nas cidades”

O antigo presidente do Conselho de Administração da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto, Álvaro Santos, considera que “não há turismo a mais, há é pessoas a menos nas cidades”, defendendo ser preciso mais regulação.

Álvaro Santos, presidente da SRU / Foto: Artur Machado / Global Imagens

“Não há turismo a mais, o que eu acho é que há pessoas a menos ainda nas cidades. O que vivemos hoje é uma oportunidade única que tem de ser mais regulada. Este aparente excesso de turismo de que algumas pessoas falam e que eu não concordo tem de ser compensado”, afirmou Álvaro Santos.

O antigo responsável da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), que falava no âmbito da apresentação do seu livro “Reabilitação urbana e a sustentabilidade das cidades”, não negou que “há aspetos que têm de ser corrigidos”, mas sublinhou que, de uma “forma geral e esmagadora, a reabilitação urbana traz, trouxe e vai continuar a trazer aspetos muito positivos” para as cidades.

“Principalmente Lisboa e Porto estão a receber mais pessoas, depois de uma grande sangria de dezenas de milhares de pessoas ao longo de várias décadas. E, portanto, este é um processo que vai demorar, o que é importante é que haja consciência de todos os agentes envolvidos, públicos e privados, para que este processo seja feito dentro de parâmetros aceitáveis para todos”, defendeu.

Quando ao preço da habitação nos centros urbanos, o antigo presidente do Conselho de Administração da SRU do Porto acredita que é neste aspeto que os poderes públicos têm de intervir, seja com uma oferta de rendas acessíveis, com alojamento para estudantes, ou com a captação de mais atividades económicas que estimulem a criação de empregos.

Já o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, a quem coube a apresentação do livro, defendeu ser “absolutamente fundamental deixar de olhar para a reabilitação urbana como um género híbrido que não deve ter regras tão claras e tão evidentes como aquelas que tem a construção nova”.

Para o governante, é preciso “perceber, de forma clara, que uma política de habitação” tem de ser desenvolvida com uma política de reabilitação”.

“Claramente, uma política de habitação não panfletária e que, se tiver de ser resumida a uma frase, é a ter mais casas para as pessoas nos centros da cidade e tudo fazer para que isso aconteça”, afirmou.

A obra “Reabilitação Urbana e a Sustentabilidade das Cidades” analisa e discute os efeitos da integração de medidas de eficiência energética nos processos de reabilitação urbana e, consequentemente, avalia o seu contributo para a sustentabilidade das cidades.

Com prefácio do presidente da câmara do Porto, Rui Moreira, o livro aborda a evolução das políticas urbanas na União Europeia e em Portugal e a reabilitação urbana enquanto novo paradigma das políticas urbanas.

A obra contém ainda as operações de reabilitação urbana do Porto, nomeadamente nas questões de eficiência energética nos edifícios de habitação no centro histórico, bem como a perceção dos agentes sobre a integração de objetivos de eficiência energética na reabilitação urbana.

Além de outras funções governamentais, autárquicas, académicas e empresariais, Álvaro Santos foi também presidente do Conselho de Administração da Porto Vivo, consultor da Comissão de Coordenação da Região do Norte e perito do Comité das Regiões da União Europeia.

Fonte: Portal JN – Portugal

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