Estatisticamente, mais pessoas exploraram o espaço sideral do que o Monumento Nacional Aniakchak, uma cratera vulcânica que desmoronou, em um dos territórios mais áridos da América do Norte. Os contínuos cinturões de nuvens que se formam no furioso Mar de Bering invadem o recortado perfil da cratera durante a estação chuvosa e dão um aspecto fantasmagórico a este mundo perdido de ursos gigantes e tundra estéril. Os mais aventureiros podem completar a subida até a cratera com um rafting pelas águas agitadas do rio Aniakchak até o mar. Precisarão de caiaques dobráveis, equipamentos leves de acampamento e muita coragem. Para chegar lá, você tem que voar até o vilarejo de Port Heiden e começar a caminhada de aproximação a partir dali.GABE ROGEL GETTY
1 Monumento Nacional Aniakchak (Alasca)
2 Nine Mile Canyon (Utah, EUA) Escondida entre as ardentes montanhas areníticas do Estado de Utah está uma das mais antigas galerias de arte ao ar livre do mundo: o Nine Mile Canyon, um desfiladeiro de 74 quilômetros que abriga milhares de gravuras rupestres talhadas pelas tribos fremont e ute entre os anos 600 e 1300. As cenas – distribuídas ao longo de todo o cânion e facilmente acessíveis pela estrada que o atravessa – mostram desde imagens de guerra e sacrifícios até a criação de animais e dinâmicas familiares e de grupo. É interessante contemplar os petróglifos acompanhado por um guia local que ajudará a decifrar a narração visual e o significado desta singular arte rupestre. A visita ao cânion é feita em uma maravilhosa excursão de um dia, para a qual se deve levar comida e água (não há lojas ao longo do caminho). Podemos obter informações sobre as principais jazidas na área no centro de visitantes do Condado de Carbon, em Price.WITOLD SKRYPCZAK GETTY
3 Lago Kaindy (Cazaquistão) As pontas dos pinheiros emergem da superfície da água como lanças no lugar onde uma floresta inteira afundou após um terremoto. O terremoto de Kebin, em 1911, causou um deslizamento de terra nas montanhas de Tian Shan, criando uma represa natural que acabou formando esse lago cristalino de 400 metros e submergindo parte da floresta. Está localizado a 2000 metros de altitude, perto da fronteira entre o Cazaquistão e o Quirguistão. A floresta afundada, cercada por águas azul-turquesa e montanhas arborizadas, dá um ar misterioso a este lugar plácido e atrai muitas pessoas da região. Pode-se chegar ao lago de carro, partindo de Almaty, a cerca de 280 quilômetros de distância.KOLUPAEV GETTY
4 Le Morne Brabant (Maurício) Não há muitas coisas que nos animem a levantar da areia nas Ilhas Maurício, mas a massa rochosa de Le Morne Brabant (o Brabante triste) parece tão caída do céu que está entre elas. Além disso, do seu cume a vista das águas azul-turquesa as torna ainda mais sedutora. A lenda sobre seu nome diz que um grupo de escravos se atirou ao vazio do cume ao ver soldados coloniais subindo a encosta. Acreditavam que iriam ser novamente subjugados, quando, na realidade, os militares iam anunciar que a escravidão tinha sido abolida e eles estavam livres. Um caminho pela parte de trás do monólito leva ao topo, e em algumas horas se chega ao belvedere. Os trechos mais baixos da estrada cruzam pradarias e floresta primitiva, e depois surgem as primeiras rochas íngremes, nas quais é preciso da ajuda de cordas e da assessoria de guias para seguir em frente.GETTY IMAGES
5 A duna de Rabjerg Mile (Skagen, Dinamarca) A duna dinamarquesa de Rabjerg Mile – 40 metros de altura e 4 milhões de metros cúbicos de areia – se afasta pouco a pouco de sua área protegida, no norte da Jutlândia, a uma velocidade de 15 metros por ano. Durante séculos, incomodou os dinamarqueses. Entre os séculos XV e XVIII, tirou gente de suas casas. Você ainda pode ver a torre da igreja (Den Tilsandede Kirke, a igreja enterrada, na foto) engolida pelas areias em 1795. No século XIX, foi aprovada a Lei da Areia Móvel para que o governo dinamarquês pudesse comprar terras cobertas de areia e estabilizá-la plantando árvores. Atualmente, ganhou popularidade entre os observadores de pássaros e caminhantes. De Skagen é possível rodar pelo sul por Gamle Landevej, mas você tem que se informar com antecedência, já que há áreas de areiaLARS JOHANSSON GETTY
6 Lago Hillier (Austrália) Para desenhar a Middle Island (a Ilha do Meio), no quase desconhecido arquipélago australiano de La Recherche, você precisa de um lápis rosa. De preferência, rosa-chiclete, para representar adequadamente a sua principal atração, o Lago Hillier. Os cientistas não sabem ao certo por que é tão rosa, já que as profundas águas azuis do Oceano Antártico estão a poucos metros de distância. Ao contrário de outros lagos coloridos, o tom do Hillier não é um reflexo do fundo nem se deve à ação de bactérias; a água mantém a cor rosa quando é engarrafada. A Ilha do Meio faz parte de uma reserva natural e não pode ser visitada, mas o Hillier Lake pode ser visto em um passeio de helicóptero de 2 horas saindo de Esperance (Austrália Ocidental).GETTY IMAGES
7 Santuário de Las Lajas (Nariño, Colômbia) O santuário da Virgem de Las Lajas está empoleirado a 100 metros de altura no desfiladeiro do rio Guáitara, e se comunica com o outro lado da ravina por uma ponte. A construção deste templo católico corresponde, segundo a lenda, a uma série de milagres. Conta-se que uma mulher indígena e sua filha surda-muda foram surpreendidas por uma tempestade em 1754 e, ao buscar abrigo, viram a imagem da Virgem Maria na parede de pedra e, imediatamente depois, a menina recuperou a fala e a audição. E também que um homem cego recuperou sua visão aqui. Desde então, os peregrinos começaram a ir ao local em busca de cura e em 1949 a capela construída em torno da imagem se tornou esta grande igreja, localizada a dois quilômetros da cidade de Ipiales, na região colombiana de Nariño.RAFAL CICHAWA GETTY
8 Christmas Island (Kiribati) O nome desta ilha do Pacífico, Ilha do Natal (Kiritimati), a noroeste da Austrália, tem uma razão histórica: o capitão Cook ancorou nela em 24 de dezembro de 1777 e, além disso, na língua local Kiritimati tem uma pronúncia semelhante a “Krismas”. Está entre os maiores atóis do mundo, logo acima da linha do Equador, e longe de tudo. A toponímia peculiar permite que você visite Londres, Paris, Polônia e Banana em um único dia, pois estes são os nomes – práticos, políticos ou pessoais – dos quatro primeiros assentamentos na ilha. A principal população, porém, é formada pelas aves aquáticas, como o alcatraz de Abbott e a andorinha-do-mar-comum. Você também pode passear de barco ou sair para pescar, ou percorrer o interior em uma caminhonete, mas, claro, sempre viajando com um guia (é fácil se perder e sofrer de insolação). A Fiji Airways voa todas as semanas para Kiritimati, partindo de Nadi (Fiji) e Honolulu (Havaí).DAVID KIRKLAND GETTY
9 Pagode de Kyaiktiyo (Myanmar) Um único fio de cabelo de Buda impede que essa pedra despenque da borda rochosa, ou assim diz a tradição. A Pedra Dourada, de 7 metros de altura, no topo do Monte Kyaiktiyo, no Estado de Mon, é um dos lugares mais sagrados de Mianmar, e os peregrinos budistas (apenas homens) foram cobrindo sua superfície com folhas de ouro e construíram uma estupa dourada (um santuário budista) no alto. A melhor época para a visita é de novembro a março, período de peregrinação, entre velas, oferendas de frutas e cantos dos monges. Os peregrinos tiram as sandálias para a subida de 11 quilômetros desde Kinpun. Os demais visitantes embarcam em caminhões que sobem a estrada quando estão com a lotação completa. A visita ao entardecer é espetacular, mas os caminhões param de circular no pôr do sol, então é melhor ficar em uma pousada perto do pagode. De Rangun se chega a Kinpun de ônibus em cerca de cinco horas.SAHATHORN NIRUSHTOOK GETTY
10 Vale da Lua (Alto Paraíso de Goiás, Brasil) Milhões de anos e incontáveis litros de água foram necessários para esculpir as preciosas formações rochosas do Vale da Lua, que ocupam um quilômetro do curso do rio São Miguel, até o sul do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Uma curiosa sucessão de formações rochosas curvilíneas: cavernas, cachoeiras, piscinas e fendas. Uma escultura em constante evolução, e que permeia a paisagem com uma sensação lunar, daí o nome. Os visitantes podem atravessar as pedras a pé, banhar-se em suas piscinas naturais e cruzar alguns trechos do rio (com atenção à rápida subida das águas, potencialmente perigosas). O vale está localizado dentro de uma propriedade privada, a quatro quilômetros de São Jorge.RODRIGO BARK GETTY
11 Parque Nacional de Whanganui (Nova Zelândia) Nas profundezas da floresta do Parque Nacional de Whanganui há uma ponte de concreto. Foi construída em 1936 para dar acesso ao remoto vale de Mangapurua, onde os soldados que retornaram da Primeira Guerra Mundial abriram fazendas no meio da mata. Mas o projeto acabou sendo uma decepção: depois de anos lutando em uma terra pobre, a crise econômica da década de 1920 fez com que as últimas famílias de agricultores abandonassem o assentamento e, em pouco tempo, a selva retomou o local, apagando qualquer vestígio da presença humana, exceto pela ponte que levava ao vale de seus sonhos. De Pipiriki saem lanchas para o cais de Mangapurua, no rio Whanganui, de onde se leva 40 minutos a pé até a ponte.UWE MOSER GETTY
12 Lago Reschensee (Sul do Tirol, Itália) Com seu pano de fundo de montanhas e margens arborizadas, o Lago Reschensee é uma natureza intacta, com exceção da torre que brota de suas águas. Localizado na região italiana do sul do Tirol, o lago foi artificialmente criado para a construção de uma represa em 1950. Além de uma área de cinco quilômetros, de campos e dezenas de casas, uma igreja do século XIV também ficou submersa, da qual agora sobressai a torre do sino. No inverno, é possível andar sobre o lago congelado até tocar na torre. O Reschensee fica perto da fronteira italiana com a Suíça e a Áustria e a visita pode ser feita de um dos três países.MICHAEL MALORNY GETTY
13 Vale dos Gêiseres (Península de Kamchatka, Rússia) A península de Kamchatka, no extremo leste da Rússia, é um lugar onde a fúria do magma da terra nunca está longe da superfície. O vale dos Gêiseres, com 6 quilômetros de extensão, alimenta-se dos 250º C do estratovulcão de Kijpinich. Mais de 100 fontes termais e gêiseres lançam vapor no ar gelado da reserva natural de Kronotsky, tão remota que suas maravilhas geológicas só começaram a ser exploradas em profundidade na década de 1970. Uma das descobertas mais impressionantes foi o Vale da Morte, um desfiladeiro em que gases vulcânicos se acumulam em tal concentração que matam qualquer animal que se aproxima. O Vale dos Gêiseres pode ser visitado de helicóptero. De Moscou há voos para o aeroporto mais próximo, Petropavlovsk-Kamchatsky.RICHARD I’ANSON GETTY
14 Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (Estado do Maranhão) À primeira vista parece uma miragem, mas o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses não tem nada de ilusão de ótica. Localizado no nordeste do Estado do Maranhão, forma uma paisagem de dunas brancas envolventes intercaladas com lagoas da cor do mar ou do céu, irresistíveis, que só despontam entre março e setembro. Do ar, parecem lençóis ondulados estendidos em todas as direções. Os Lençóis Maranhenses podem ser alcançados a partir da cidade vizinha de Barreirinhas – a 5 horas de carro da capital, São Luís – de onde saem passeios em veículos off-road que costumam ir até algumas das maiores lagoas do parque: Lagoa Azul e Lagoa Bonita.GETTY IMAGES
15 Decepcion Island (Antártida) A Ilha Decepção brilha com a própria luz no remoto arquipélago das Ilhas Shetland do Sul, na ponta norte da Antártida, com um porto secreto ocupando a cratera de um vulcão. Você pode entrar pela boca estreita da baía cercada por praias de areia preta e encostas nevadas, cobertas de gelo e cinzas, onde se refugiam colônias de pinguins-de-barbicha. O visitante se depara com o passado industrial da ilha em sua estação baleeira abandonada, destruída em parte por uma erupção. E, claro, é bom levar traje de banho para nadar nas correntes geotérmicas da ilha. Pode-se chegar à Deception Island em cruzeiros pela Antártida que partem do sul da Argentina.GEOFF RENNER GETTY
16 Villa Puerto Edén (Ilha Wellington, Chile) Nesta vila de pescadores, lar dos últimos membros da tribo alacalufe, e com 176 habitantes, de acordo com o último censo, está um dos lugares mais isolados do planeta, que só pode ser alcançado por via marítima. Além disso, o transporte público nem sempre é direto: uma empresa local de balsas (Navimag) conecta o povoado com Puerto Montt e Puerto Natales, em uma excursão de quatro dias pelos fiordes circundantes. Mas quando se chega a Villa Puerto Éden, na costa leste da enorme ilha de Wellington, tudo faz sentido. Casas e casebres rudimentares pintados em cores vivas e de frente para o mar, escoltados pelos picos do Parque Nacional Bernardo O’Higgins, com neve perpétua.AGE FOTOSTOCK
17 Anfiteatros de Moray (Peru) Em uma área remota do montanhoso Vale Sagrado dos incas, perto de Cuzco, encontramos estes anfiteatros de anéis concêntricos em terraços cuja finalidade ainda é desconhecida pelos cientistas. Seu desenho, profundidade, variedade de tamanho e posição em relação ao sol e ao vento parecem indicar que eram centros de pesquisa agrícola. Cada terraço tem diferentes condições climáticas (microclimas), uma para cada tipo de alimento que os Incas plantavam. Com uma variação de 15ºC entre as plataformas superior e inferior, e amostras de solo trazidas de diferentes locais, é provável que os Incas pesquisassem neste laboratório agrícola as condições ideais para cada cultivo. Você pode ir a Moray (de táxi), saindo de Maras, localizada a cinco quilômetros de distância, ou em uma visita guiada a partir de Cuzco.FABIO LAMANNA GETTY
18 Lago Rosa (Senegal) Le Lac Rose, a apenas 30 quilômetros a nordeste de Dacar, faz jus a seu nome. Em um dia quente e ensolarado na estação seca, esse lago reluzente lembra uma paisagem de Marte. O alto nível de salinidade do lago favorece a reprodução de dunaliella salinas, microalgas que produzem um pigmento vermelho para absorver a luz solar e tingem as águas dessa tonalidade. Os banhistas flutuam facilmente nas águas hipersalinas do Lac Rose. Aqueles que não querem tomar banho podem alugar um barco de madeira e remar pelo lago. As pousadas próximas oferecem uma boa estrutura para se passar a noite e organizam passeios a cavalo e outras excursões pela região do lago. A melhor época para visitá-lo é de novembro a maio.MICHEL RENAUDEAU GETTY
19 Quinta da Regaleira (Sintra, Portugal) As escadas em espiral destas torres representam uma jornada da morte à reencarnação. Existem percursos de alquimia desconhecidos espalhados pela propriedade da Quinta da Regaleira (protegida pela Unesco), com uma mistura impressionante de estilos arquitetônicos e jardins pomposos. Debaixo desta residência luxuosa, encomendada pelo magnata do café António Carvalho Monteiro, existem dois poços em que não há água, e que foram usados antigamente em ritos de iniciação maçônica. Um deles tem nove níveis que representam os nove círculos do Céu e do Inferno de Dante, ao longo dos seus 27 metros de altura. O outro tem uma escada reta –com degraus numerados de acordo com os princípios maçônicos– que desce até uma cruz templária. A Quinta da Regaleira, em Sintra, a cerca de 30 quilómetros de Lisboa, abre diariamente.ROBERTO MOIOLA GETTY
20 Salto de San Antonio de Tequendama (Colômbia) Com vista para a cachoeira de mesmo nome, de 157 metros de altura, este hotel-museu (na foto, à direita), localizado 32 quilômetros ao sudoeste de Bogotá, foi inaugurado em 1923 como uma mansão de estilo francês ‘fin de siècle ‘, projetada pelo arquiteto Carlos Arturo Tapias. Durante anos atraiu a nata da sociedade de Bogotá. Um projeto de expansão iria transformá-la, na década de 1950, em um grande complexo hoteleiro. Mas o plano foi arquivado e a crescente poluição do rio Bogotá reduziu o número de turistas. No início dos anos 1990 o hotel foi abandonado e ganhou fama de mansão assombrada (por causa de um influxo de suicidas), até que foi restaurado por meio de um projeto conjunto do Instituto de Ciências Naturais da Universidade Nacional da Colômbia e da Fundação Ecológica o Futuro. Em 2013, foi transformado em um museu de biodiversidade e cultura, que pode ser visitado em um dia de viagem partindo de Bogotá.ALBERTO ALCOCER GETTY
Fonte: EL PAÍS BRASIL