Bayard Boiteux

Turistas estrangeiros listam as coisas que acharam mais curiosas no Brasil

Certos costumes são tão arraigados no dia a dia dos habitantes de um país que é preciso um olhar de fora para lançar luz sobre eles. Foi o que fez Olivier Teboul, um francês que mora em Belo Horizonte e que escreveu um post em seu blog pessoal listando 65 “curiosidades brasileiras”.

O texto rapidamente se espalhou pelas redes sociais e, até esta quinta-feira (18) à tarde, tinha recebido 1.791 comentários.

Suas observações sobre o Brasil (“às vezes um pouco exageradas”, avisa) vão de questões bem conhecidas por quem mora aqui – a quantidade de filas, o prato típico à base de arroz e feijão, o gosto por novelas – até outros hábitos que podem parecer universais para nós, mas surpreendem quem é de outro país.

Entre eles, a possibilidade de pedir pizza meio a meio (“ideia simples e genial”, diz o post), o costume de aproximar o valor do pagamento do táxi, de escovar os dentes no trabalho e de não tocar comida com as mãos, recorrendo sempre ao guardanapo.

G1 propôs a alguns turistas estrangeiros que estiveram recentemente no país  um exercício parecido: listar hábitos, comidas e outros itens que chamaram sua atenção quando estiveram aqui.

O resultado revela desde o encantamento com as belezas naturais, a comida e a receptividade das pessoas até a surpresa por ouvir mais música americana do que brasileira, pagar caro pela hospedagem ou ver três passageiros na mesma moto – sem capacete.

Confira a seguir o que eles disseram.

NATALIA RUMYANTSEVA, 35 anos, professora de inglês.

País de origem: Rússia

Quando esteve no Brasil: Em julho de 2011 e entre junho e julho de 2012.

Quais cidades visitou: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Serra do Cipó (MG), Santa Bárbara (MG), Ouro Preto (MG).

Por que quis conhecer o país: “Foi o amor que me levou para aí: me apaixonei por um músico brasileiro. Hoje não estamos mais juntos, mas graças a ele conheci muita gente interessante, fiz amigos e aprendi um pouco de português.”

O que chamou sua atenção:

– A diversidade de pessoas: gente com diferentes tipos de pele, de cabelo. Foi a primeira vez que conheci “morenos”. Na Rússia as coisas são diferentes.

– Comida! Sem palavras! [Natalia escreveu essa frase em português] É incrível, saborosa, chama a atenção pela sua aparência agradável e colorida. E é boa para a digestão. Comi muito e nunca ganhei peso. Melhor ainda: os homens no Brasil são os cozinheiros perfeitos.

– Pessoas amigáveis e abertas. Todo mundo dizendo “Boa tarde!”, “Tudo joia?”. E, claro, sorrisos bonitos e abertos. Tenho certeza de que apenas os brasileiros têm esse sorriso.

– Cachaça. Não consigo evitar mencioná-la. Aqui eu nunca tinha visto essa bebida. Adoro! O que mais posso dizer?

– Desculpe, preciso dizer algo sobre as mulheres, mas não posso mencionar o nome. Me refiro à parte de trás do seu corpo. Não sei como elas fazem, mas provavelmente é uma mistura de genética e ginástica.

– A vegetação do país é incrível. Totalmente diferente da que temos aqui, em relação a cores, aos diferentes tipos de árvores. É tão bonito!

– Percebi que quando os brasileiros tiram fotos eles se agrupam juntos quando posam. Achei isso muito específico, essa posição em que todos ficam juntos.

– Conheci frutas e vegetais que nunca tinha visto. Jaca, maxixe, chuchu! E essa não é a lista completa. Trouxe sementes de maxixe e meu pai conseguiu fazê-las brotar em sua horta na Sibéria!

BROCK WILSON. 34 anos, advogado, eDEIRDRE FITZ-WILLIAM, 31 anos, enfermeira

País de origem: Estados Unidos

Quando estiveram no Brasil: Entre 17 de março e 17 de abril deste ano.

Quais cidades visitaram: Florianópolis, Ilha Grande (RJ), Paraty (RJ), Búzios (RJ), Trindade (RJ), Arraial do Cabo (RJ), Rio de Janeiro, São Paulo, Foz do Iguaçu (PR).

Por que quiseram conhecer o país: O Brasil era parte do roteiro do casal em uma viagem pela América do Sul e Central.

O que chamou a atenção deles:

– Há muito mais brasileiros acima do peso do que imaginávamos.

– Ficamos surpresos por ouvir pouca música brasileira e muita música pop americana. Isso foi uma decepção, já que estávamos ansiosos para dançar sucessos nacionais.

– O transporte é muito mais caro do que em outros países latino-americanos.

– Adoramos açaí.

– Há um monte de argentinos trabalhando em albergues da juventude. Encontramos mais argentinos do que brasileiros entre os funcionários desses estabelecimentos.

– A principal diferença que notamos em relação aos outros países da América Latina onde estivemos é que no Brasil as pessoas não falam “olá” ou “bom dia” tão facilmente. Elas pareciam evitar contato visual quando passávamos por elas na rua ou entrávamos em sua loja. Mas quando falávamos com elas, todas eram muito agradáveis.

– A Costa Verde (RJ) foi o litoral mais bonito que já conhecemos na vida.

MELANIE LARKINS, 31 anos.

País de origem: Estados Unidos.

Quando esteve no Brasil: Em dezembro de 2012 e em fevereiro de 2013.

Quais cidades visitou: Itacaré (BA), Ilhéus (BA) e Rio de Janeiro.

Por que quis conhecer o país: Ela passou cinco semanas no Rio devido a um intercâmbio do seu MBA. Foi passear na Bahia, adorou e quis voltar lá em fevereiro. “Não pude ficar longe da Bahia!”, exclama.

O que chamou sua atenção:

– A família é extremamente importante no Brasil. Frequentemente via avós passeando com seus filhos e netos. As pessoas tendem a ser mais próximas da família em espírito e em localização.

– Regiões diferentes são TÃO diferentes! O idioma, a comida, a cultura, a aparência… Tudo parecia diferente entre o Rio e a Bahia, por exemplo.

– A comida, especialmente na Bahia, é muito parecida com os pratos encontrados em alguns países da África. Há similaridades nas religiões e nas cerimônias também. É incrível que, apesar de separadas pelo tempo e pelas distâncias, essas semelhanças sejam tão evidentes.

– As pessoas são muito mais afetuosas, e não estou falando apenas em termos românticos, mas também entre membros da família. Vi com frequência adolescentes de mãos dadas com um dos pais, por exemplo. Não vejo isso com frequência nos Estados Unidos.

– As pessoas foram bem ávidas para me ensinar mais sobre a língua e a cultura do Brasil. Elas têm orgulho de ser brasileiras.

– A sociedade como um todo cuida bastante das mulheres. Por exemplo, encontrei um homem gritando obscenidades no lobby do meu hotel e o homem perto dele brigou não por ele estar falando palavrões, mas por ter feito isso na frente de uma dama.

– Adorei o vagão só para mulheres do metrô do Rio! Tornou a experiência de circular na hora do rush bem melhor do que em outras cidades.

– No Brasil as pessoas trabalham para viver, e não vivem para trabalhar. Há um foco em aproveitar a vida e a família e, ao menos no Rio e na Bahia, em manter o bem-estar físico, mental e espiritual.

– Nunca tinha visto um lugar onde a natureza se mistura tanto com as cidades e a vida diária.

ANDREEA MARUSEAC, 29 anos, coordenadora de negócios, eALEXANDRU MARUSEAC, 30 anos, consultor de TI

País de origem: Romênia

Quando estiveram no Brasil: Em março deste ano.

Quais cidades visitaram: Foz do Iguaçu (PR), São Martim do Oeste (RS), Cruz Alta (RS), Santa Maria (RS), Balneário Hermenegildo (RS), Chuí (RS).

Por que quiseram conhecer o país: O casal fez uma viagem de moto de oito meses pelas Américas. O Brasil foi o último país que visitaram. “Nossos amigos brasileiros tinham falado muito bem do país. Adoramos o idioma e quisemos ter essa experiência”, diz Andreea.

O que chamou a atenção deles:

– Há um monte de espécies de pássaros, e não nos cansávamos de olhar para eles. Parávamos a moto na beira da estrada e ficávamos muito tempo admirando-os em silêncio.

– A hospedagem é cara. Não conseguimos encontrar um hotel decente por menos de US$ 30 (cerca de R$ 60).

– As pessoas não usam capacetes nas suas motos, incluindo o terceiro passageiro. Espera aí: há três passageiros em uma pequena moto!?!?

– O café da manhã não é apenas café (ah, que ótima surpresa!). Nós tínhamos direito nos hotéis a um café completo, inclusive com frutas, diferentemente de outros países na América do Sul, onde só tinha café e uma torrada.

– Comemos o melhor churrasco de toda a América do Sul.

– Chove muito em março, mas a grama e as árvores ficam mais verdes, então não é um problema.

– As pessoas são amigáveis e prestativas, muito amigáveis e muito prestativas!

Fonte: G1

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