Colocar uma mochila nas costas com apenas o básico que você precisar, sair para estrada e ganhar o mundo. Difícil? Tentador? Pois é isso que o mineiro Mayke Moraes Pinto, de Varginha (MG), se dispôs a fazer há oito anos. Desde então, já são 54 países visitados em todo o mundo. Apenas parte de um objetivo ainda maior: visitar 100 países antes de morrer.
Enquanto não completa sua jornada, o mochileiro do Sul de Minas se prepara para o lançamento do livro “Viajar: Eu Preciso”, que narra as aventuras do viajante pelos países que já visitou. Mais do que fonte de inspiração para quem pretende viajar e conhecer outras culturas, o objetivo de Mayke é eternizar na obra todas as experiências que já viveu.
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“Comecei a escrever tem uns 2 anos, 2 anos e meio. Foram tantas experiências legais nesses 8 anos, que eu achava injusto não compartilhar ou apenas compartilhar com a minha família. O livro não é um guia de viagens. É um livro para quem curte viver. O que eu tento mostrar é que é sim possível viajar, que não precisa ser milionário para isso”, diz o mochileiro.
Mayke diz que ao viajar não gosta de fazer os roteiros tradicionais mostrados por guias de viagem. O que ele procura é vivenciar a cultura local, conhecer moradores e fazer parte daquilo.
“Eu fujo um pouco do turístico, de você ir para Paris e visitar só a Torre Eiffel, os arredores. O que eu vivencio é mostrando no meu relato o dia a dia do morador local, como eles vivem, o que comem, os perrengues que eu passo na estrada. É uma coisa de paixão, é mostrar aquilo que os guias não mostram”, conta o viajante.
Desde que começou a viajar, Mayke já passou por países de praticamente todos os continentes. Entre os que ele guarda as melhores recordações estão Tailândia e Índia. Nesse último, ele viveu um verdadeiro choque cultural.
“A índia é um país muito engraçado, ou você ama ou odeia. Eu sou uma das poucas pessoas que estão no meio termo. Eu tenho uma paixão muito grande pela Índia, pelas coisas que eu vivenciei, mas tenho um ódio pelas coisas que eu vi lá, porque é muito injusto. Acho que foi o país mais pobre que eu visitei. A pobreza é muito grande. Eu fui da Irlanda para Mumbai direto e quando cheguei, comecei a sentir cheiros e a ouvir barulhos que até então eu desconhecia. Eu costumo dizer que a Índia não é para principiantes, é um lugar muito pobre. Você vê pessoas defecando nas ruas, nas calçadas, no chão, é muito sujo”, diz Mayke.
Mas, apesar do choque que sentiu ao chegar no país, ele também conseguiu viver boas experiências, que se tornaram inesquecíveis.
“Eu gostei da experiência principalmente por causa de uma cidade que se chama Varanasi. Essa cidade significa ‘Porta do Céu’ e foi a cidade que eu nadei no Rio Ganges. Nessa cidade é possível ver a cremação de corpos ao ar livre. É uma cidade que tem mais de 5 mil anos e quando você chega lá hoje, a única coisa que mudou é que lá tem wifi, mas o pessoal continua vivendo como vivia há cinco mil anos”, conta o mochileiro.
Mayke diz que recebe muitas mensagens de pessoas que se inspiram com suas histórias, mas também de outras que querem largar tudo e sair viajando pelo mundo. Ele conta que, apesar de tentador, tudo envolve planejamento e muito cuidado.
“É tudo uma questão de foco. Eu tento mostrar que você tem que ter um planejamento. As minhas viagens sempre são planejadas. Por mais que eu gaste muito pouco quando estou viajando, eu tenho uma reserva, que é fruto do meu trabalho, uma reserva de segurança. Se eu ficar doente, eu tenho uma reserva para isso. Eu não caio na estrada sem nada, viajar o mundo com R$ 10 no bolso, não é assim”, diz o mochileiro.
Para juntar dinheiro, Mayke já trabalhou como garçom e camareiro, além de outras profissões, na Irlanda e no Alaska, nos Estados Unidos, onde ‘fixa’ residência, quando não está no Brasil.
Nova jornada
Após o lançamento do livro, que acontece neste final de semana, Mayke ainda ficará por mais dois meses no Brasil e depois partirá para uma nova jornada. Desta vez, ele pretende conhecer mais 20 países pelas américas do Sul e Central, durante 16 meses.
“Essa viagem será um outro projeto, em que vou estar carregando menos coisas comigo na mochila, apenas duas camisetas, uma cueca, duas meias (risos). O que eu vou propor nessa viagem é conseguir acomodação somente de forma gratuita, tentar convencer um morador da cidade a me hospedar. O meu intuito é mostrar o quanto uma pessoa pode ser boa pra você te conhecendo pela primeira vez. O ponto de partida será do Rio de Janeiro para o Peru, em um ônibus de 10 dias de viagem. Aí depois de lá eu vou indo”, diz o viajante.
Praticamente um cidadão do mundo, Mayke planeja chegar aos 100 países visitados, mas, mais do que isso, quer viver intensamente cada experiência. A vontade de cair logo no mundo já quase não cabe dentro dele.
“Eu amo isso, viajar pra mim é muito mais do que um estilo de vida, é minha religião, é o que eu quero fazer até os meus últimos dias. É dificil, estou seco para ir embora (risos). A única coisa que está me segurando é o livro, que é um outro sonho meu, é meu filho que nasceu. A vontade está grande, mas estou feliz porque já tenho outro mochilão planejado, então eu fico mais tranquilo”, finaliza Mayke.
Lançamento
O livro que conta as histórias do viajante sulmineiro pelo mundo será lançado neste final de semana, durante o Festival Gourmet & Cultural de Varginha, que acontece no estacionamento do Via Café Garden Shopping, desta sexta-feira (21) até domingo (23).
Na sexta e no sábado, o horário para conversas, troca de experiências e conversas com o mochileiro é de 12h às 22h. Já no domingo, o horário é de 12h às 18h. Durante o evento, os visitantes poderão experimentar amostras de insetos que Mayke já experimentou em suas andanças pelo mundo.
Mais informações sobre as viagens do mochileiro podem ser obtidas pela rede social “Sou Mochileiro”.
Fonte: G1